sexta-feira, 23 de maio de 2014

Porque um reajuste de Preço de 19% na empresa em que eu trabalho resulta em apenas 10% de aumento no meu salário?

Ontem ouvi em entrevista na TV Globo um trabalhador questionar o reajuste de salário que obteve. Ele entendeu injusto o reajuste e explicava por que estava em greve. Ele misturava uma luta política com a prefeitura de São Paulo com a luta política de trabalhadores com empregados. Ele misturava o aumento praticado nas tarifas com o reajuste de seu salário. Bem, o trabalhador ignora o fato de que os custos do empregador não se resumem à folha de pagamentos. Um exemplo simples pode ser dado. Imagine que os gastos do Proprietário da Empresa sejam com folha de pagamentos dos funcionários e combustível. Imagine que ele gaste metade com combustíveis e metade com a folha de pagamentos. Não há gastos de tributos ou outras despesas. Se os combustíveis aumentaram 30% e a folha 10%, por média simples (soma e divide por dois) os custos da empresa aumentaram 20%. Neste caso simples os aumentos nos custos da empresa mal são compensados com o reajuste das tarifas.
Não estou afirmando que foi este o caso. Mas, estou lembrando que há outros custos que podem justificar a diferença entre o reajuste de preço e o reajuste salarial. Exemplos são o custo de reposição de novos ônibus, muitos deles depredados em sinal de protesto, a aquisição ou expansão da frota de veículos, as tarifas cobradas por Governos, etc.
Um reajuste de 10% de salário quando a previsão de inflação para o ano de 2014 é de 6,43% (Relatório Focus do Banco Central em 16 de maio de 2014) significa um ganho real de 3,5% aproximadamente. Se não há aumento de produtividade do setor, esse ganho real dos trabalhadores do setor representa uma perda real para o conjunto da sociedade.