O filme "Inside Job" começa mostrando como a Islândia foi apresentada como um país de oportunidades para inversões financeiras e acabou no lodo da crise. É bastante frequente observar que nos períodos de crédito farto e juros baixos acabamos por descuidar de avaliar os projetos de investimento e seu retorno esperado. Resultado disso, vimos na década de 70 crescer o endividamento de países latino americanos. Já na década de 90, tanto Brasil quanto Argentina aproveitaram as condições favoráveis do mercado mundial para através do uso de uma âncora cambial estabilizar a inflação em suas economias.
Com relação a Brasil e Argentina, vimos o Brasil desvalorizar o câmbio e mudar o regime cambial em 99 evitando assim seguir o caminho Argentino: elevado endividamento e default. Trata-se de um exemplo de problema do tipo agente-principal. Os interesses do governo divergem dos interesses coletivos. A dívida permite apresentar ações de governo que são aprovadas pela população. Mas, o crescimento da dívida conduz a uma socialização de perdas e invariavelmente recai sobre os mais pobres.
Apesar da prudência em 99, observamos certa euforia nacional atribuindo à robustez da economia brasileira sua atratividade em termos de capitais. Capitais esses que permitiram o financiamento de consumo e o controle de preços. Capitais esses que deveriam ter sido utilizados em projetos de investimento, aumentando a produtividade, expandindo a capacidade de produção e possibilitando uma maior inserção no mercado internacional. Contudo, a ausência de um projeto e os diferentes interesses governo – sociedade nos conduziu a acreditar no otimismo midiático.
O mais grave da atual crise é desvelar as baixas taxas de retorno associadas a novos projetos de investimento na ausência de massivas inversões em logística e educação.
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