quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Cenário atual e perspectivas para 2015

É bastante difícil resistir às crises internacionais. No caso da Crise de 2008, pudemos flexibilizar as políticas fiscal e monetária de forma a minimizar seu impacto. Não é o caso atual. A combinação de uma política fiscal expansionista com uma política monetária contracionista, com curto período de redução de juros, traduziu-se em desindustrialização, crescimento modesto, elevação de preços e desequilíbrio na conta de transações correntes do balanço de pagamentos. 
Neste cenário, é difícil controlar expectativas e a volatilidade nos mercados aumenta. Os humores ficam sensíveis às notícias que podem indicar uma mudança mais ou menos significativa para o próximo ano. Difícil é manter algum otimismo diante das notícias recentes. 
Quanto ao real, podemos prever uma desvalorização que, muito embora traga consigo pressões inflacionárias e encareça viagens ao exterior, pode auxiliar a frear a desindustrialização e a equilibrar a conta corrente do Balanço de Pagamentos. O aumento previsto na taxa de juros americana tende a provocar uma saída de capitais especulativos o que levaria à desvalorização da moeda nacional. Mas, esse aumento nos juros americanos pode ser acompanhado por um aumento na taxa de juros brasileira, de forma a diminuir a desvalorização do Real. Resta saber como atuará nosso Banco Central. Ele pode atuar elevando os juros e minimizar os impactos inflacionários de uma taxa de cambio maior ou manter a atual política de juros, deixando o Real desvalorizar e contribuir para melhorar o resultado do Balanço de Pagamentos. A nova equipe econômica do Governo parece mais propensa a controlar o crescimento da inflação. Portanto, acredito que a taxa de juros deverá subir em ritmo mais elevado.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Paises competem

Mês passado discuti com estudantes brasileiros e estrangeiros um case de Harvard sobre o governo Dilma, o Brasil e a OMC (Brazil: leading de BRICS? - Brasil: liderando os BRICS?). Neste paper os autores questionam as ações do Brasil em relação à Merck e o caso do algodão. Os autores questionam a motivação brasileira em questionar o subsídio do algodão nos EUA, quando o governo brasileiro subsidiaria as fazendas locais com o Embrapa e BNDEs. Questionam também se um país de renda média pode questionar o pagamento de licenças a um laboratório que fez fortes investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produto. Bem, todo lado tem sua perspectiva sobre o assunto. O fato é que o governo Brasileiro, em especial o governo Dilma, se posicionou como um país que compete. Países competem entre si. Mas, há regras de comércio internacional que devem ser respeitadas. No caso da União Europeia, questionamos o subsídio à agricultura local. Digamos que eles não seguem suas próprias regras.  Mas, a pergunta que se coloca é se a competição de nossas empresas precisa ser protegida por mecanismos fiscais? E, no caso em específico, estamos favorecendo montadoras que não são de capital nacional e sequer divulgam o Balanço de suas atividades no Brasil (exceção à FIAT). Quer me parecer que neste caso em específico, não fizemos uma boa escolha. Muito embora eu entenda e defenda a atuação forte do Estado Brasileiro na defesa dos interesses locais.