segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Mais sobre a PEC 241

20 anos...... Resolvi olhar os números da Execução Fiscal do Tesouro Nacional.

Houve uma queda de 4% na Receita Bruta acumulada de Janeiro a Agosto de 2016 quando comparada a igual período do ano anterior. Queda maior, de 5%, na receita administrada pela Receita Federal. Explicada em grande parte por uma queda de 9% na arrecadação de imposto de renda. 
As transferências por repartição de receita caíram na mesma proporção. Apesar disso, a receita líquida sofreu uma diminuição de 3%.
Já a Despesa Total caiu apenas 1%, ampliando o déficit e o desequilíbrio fiscal. As despesas com benefícios previdenciários cresceram 2%. É possível esperar que continue crescendo. Assim, um teto para as despesas pode incentivar mudanças nas regras da previdencia. Inocente é acreditar que estas mudanças serão feitas nos benefícios públicos. Houve uma queda de 1% nas despesas com Pessoal e Encargos Sociais. Não tenho números sobre a quantidade de servidores contratados no período. Mas, acredito fortemente que o corte nesta despesa se dá evitando seu crescimento nominal, digo melhor: evitando o crescimento salarial dos servidores públicos. Novamente é inocente imaginar que os salários do legislativo e do judiciário se reduzam. Dado o teto, imagino que a despesa com salários de professores e servidores com fraca organização devem se reduzir. 
O Fundeb (complem. União) se reduziu em 21%. 
O resultado final é assustador.  O resultado primário no período de Jan-Ago de 2015 era deficitário em -R$14,8 bilhões e passou para -R$57,7 bilhões. Um crescimento de 288%. 
Como visto acima, a evolução das Receitas constitui importante fator explicativo para o crescimento do resultado primário deficitário. Assim, não parece razoável supor que apenas o controle da evolução das despesas seja o suficiente para controlar o desequilíbrio das contas públicas. 
Talvez o uso de indexadores diferentes para a Receita e para a Despesa do Governo tornem esta uma tarefa mais fácil. Mas, a aposta em um aumento na Carga Tributária vai se intensificando. 
Assim, a PEC 241 fixa o teto das despesas em valores elevados. Não garante o equilíbrio orçamentário (As receitas caíram mais que as despesas). Não contem a evolução da dívida/PIB (veja o crescimento no pagamento dos Juros Nominais abaixo). Não garante utilização racional dos recursos públicos. Tira do Estado Brasileiro o poder de utilizar a política fiscal de forma discricionária em uma economia que opera ciclicamente pelo período de 20 anos. Tira o foco do compromisso com a geração de resultado primário para conter a evolução da dívida pública. Potencializa a formação de grupos de pressão canalizando a despesa para aqueles que se organizarem melhor e não para despesas consideradas prioritárias como política de governo. 
Cabe aqui fazer uma consideração sobre os Juros Nominais. Há uma hipótese implícita de que a despesa com Juros nominais cresce com o aumento na dívida. Mas, ocorre que a despesa com juros nominais cresce quando aumenta a inflação (Remuneração dos títulos  indexados pelo IPCA e IGP) e quanto o Banco Central decide aumentar a taxa básica de juros (Remuneração dos títulos pós fixados). Assim, a redução do déficit primário e mesmo a geração de um superavit primário podem não resultar em menor gasto com juros nominais. 
O crescimento das despesas com juros nominais foi de 18%. E, as despesas com juros nominais no período de Janeiro a Agosto de 2016 são de 74% da Receita líquida descontada a arrecadação liquida para a RGPS. 
Em tempo, o ajuste fiscal pode conduzir a uma queda no PIB em velocidade maior que a diminuição do déficit/dívida pública. Assim, a exemplo da Grécia, as medidas contracionistas podem elevar a relação dívida/PIB. 
Por fim, não consigo compreender por que a preocupação com a execução fiscal tem que ser uma Emenda Constitucional e por que 20 anos? Por que não 100 anos? 

Qual a racionalidade econômica na PEC 241?

Há, de fato, um grave problema fiscal a ser resolvido. O que está em jogo é o equilíbrio orçamentário e a trajetória da dívida pública. Assim, alcançar a estabilidade é fundamental para evitar um aumento na carga tributária no futuro ou cortes mais expressivos. Isso posto, entendeu-se que colocar um teto sobre os gastos garantirá o equilíbrio. Bem, isso não é verdade. Um teto sobre os gastos garante apenas que a despesa não cresça para além da inflação. Ou seja, ano a ano é possível votar no congresso um orçamento com gastos compatíveis com a receita sem que seja necessário colocar as despesas públicas em uma camisa de força.
Se o projeto for aprovado temos alguns cenários possíveis:

1. A despesa cresce acompanhando a inflação e a receita cresce acompanhando o PIB nominal. Ou seja, haverá um crescimento das receitas acima das despesas. Isso vai garantir uma diminuição no déficit primário e, possivelmente um superávit primário. Manteremos o déficit nominal.
2. A despesa cresce acompanhando a inflação e a receita cai em função de uma queda no PIB nominal. Ou seja, manteremos o déficit primário pois as despesas crescem mais que as receitas. Não se garante equilíbrio orçamentário. Ampliaremos o déficit nominal.
3. A despesa cresce acompanhando a inflação e a receita cresce acompanhando a inflação (crescimento do PIB real igual a zero). Neste caso, haverá uma manutenção do déficit primário.

Ainda, temos que ressaltar a seguinte peculiaridade brasileira: parte da dívida pública é indexada ao IPCA e ao IGP, e parte cresce de acordo com a SELIC. Assim, um aumento na inflação aumenta a despesa com juros nominais. Desta forma, mesmo com um resultado primário positivo podemos ver crescer a relação dívida/PIB.

Controlar despesas sem controlar o gasto com juros nominais é inútil. Dado que ultimamente se compara as contas públicas com o orçamento das famílias, vou fazer uma analogia: é como você controlar os gastos da sua família enquanto o banco lhe cobra juros cada vez maiores. Sua dívida não cai, mesmo fazendo um esforço enorme em controlar seu orçamento.

O compromisso com uma meta de superávit primário me parece mais razoável se o objetivo é alcançar o equilíbrio das contas públicas. Se há um teto a discutir, este deveria ser o pagamento dos juros nominais. Gastamos em torno de 30% da receita líquida com o pagamento dos juros nominais (dados da Execução Financeira do Tesouro Nacional).

Se não for aprovado, minha leitura é de que temos um congresso maduro o suficiente para rejeitar colocar as despesas do governo em uma camisa de força. Forte o bastante para resistir às pressões políticas do momento. Mas, entendo também que é necessário deixar claro que há compromisso com o equilíbrio fiscal. 

Há vários problemas com a proposta na forma como ela foi encaminhada: a mensuração do IPCA  - o IBGE está para divulgar uma nova Pesquisa de Orçamento Familiar. Uma mudança na ponderação dos itens de despesa do índice pode aumentar substancialmente a inflação e corrigir para cima as despesas do governo em itens cujo crescimento dos preços ficar abaixo do índice. Vinte anos é um prazo demasiadamente longo para uma economia cíclica. É claro que teremos problemas de execução e discricionariedade de política fiscal. Isso pode deteriorar mais as expectativas de mercado do que melhorá-las. 

Quanto aos gastos com Educação e Saúde, bem, estas são despesas sociais fundamentais. Estamos tratando da sobrevida dos brasileiros e do futuro dos pequenos brasileiros em idade escolar. Colocar mais dinheiro nestas rubricas não garante uma melhora na qualidade destes serviços. Mas, e se for necessário gastar mais para melhorar o atendimento? Isso significará cortes de gastos em outras rubricas. Como é muito difícil cortar folha de pagamento, estamos falando de cortes de despesa de investimento e racionalizar gastos com despesas correntes. Bem, gastar adequadamente a receita pública (ou seja, racionalizar gastos com despesas correntes) deveria ser a regra!!!!!!!!!! 

Minha avaliação é de que esta foi uma proposta apressada e que considera a dificuldade deste governo em conseguir compromisso do Congresso com um orçamento equilibrado. 


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

PEC 241



A PEC 241 é uma estratégia de contenção dos gastos públicos confortável no sentido de que evita negociações, discussões e compromissos em torno do equilíbrio orçamentário. A ausência de flexibilidade orçamentária pode ser uma solução paliativa e de curtíssimo prazo. Contudo, ela esgarça o tecido social e as relações políticas fortalecendo grupos de pressão no futuro, tornando insustentável a manutenção da regra no longo prazo. 

Mas, a preocupação com o equilíbrio orçamentário é legítima e deve ser respeitada!


O ideal seria alterar a regra orçamentária e vincular o orçamento a uma regra de produtividade.  Vou dar um exemplo, se uma unidade do governo se compromete com o atendimento de 100 indivíduos e não cumpre, não poderá solicitar o mesmo valor de orçamento para um próximo exercício. Atualmente, o orçamento de um ano se baseia no valor do ano anterior acrescido da inflação (essa é uma simplificação grosseira, mas, o orçamento tende a se reproduzir de um ano para o outro).


Torna-se cada vez mais importante enfrentar definitivamente a necessidade de uma reforma tributária e a redução de juros. Ou seja, acredito que estamos perseguindo a agenda de política econômica errada. 


Congelar os gastos por 20 anos pode gerar precarização nos serviços públicos, já que o valor empregado não acompanhará a demanda do crescimento da população.Trata-se de uma regra simples mas equivocada. Mesmo que congelássemos os gastos em termos reais seria um equivoco. Afinal, é possível fazer a mesma coisa de forma mais produtiva e sobrar recursos também.
Acho importante olharmos os dados da execução orçamentária para refletir sobre nossas alternativas. Nós gastamos em torno de 20% da receita bruta com o pagamento de juros nominais (dados da Execução Financeira do Tesouro), ou seja, um quinto da arrecadação bruta federal está comprometida com juros, reduzindo nossa capacidade de gastar com educação, saúde, infraestrutura, etc.  Se considerarmos a proporção dos juros em relação à receita líquida (depois das transferências a estados e municípios) reduzida da receita administrada pelo Regime Geral de Previdência Social, temos um comprometimento médio (de janeiro a junho de 2016) de 35% com o pagamento de juros. Um terço dos recursos do governo federal se destinam a pagar juros reduzindo nossa capacidade de investir em infraestrutura e em realizar gastos sociais tão necessários em uma nação tao desigual.

Mas, não podemos simplesmente parar de pagar os juros. A questão é reduzir essa proporção ao longo do tempo. O não pagamento dos juros penaliza também o pequeno investidor e a família poupadora. Portanto, precisamos pensar na redução da despesa com juros ao longo do tempo convergindo para patamares compatíveis com práticas internacionais.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Apenas alguns números sobre a questão tributária

Estamos diante de um importante debate acerca de como faremos o ajuste fiscal. Acho que alguns gostariam de debater a necessidade de manter uma política fiscal expansionista dadas as restrições ao crescimento da economia brasileira. Mas, o desequilíbrio de hoje será pago em algum momento. Essa escolha deveria envolver o conjunto da sociedade, uma vez que o custo de rolagem da dívida pública é assustadoramente alto.
Como acredito ser imperativo fazer o ajuste fiscal, a pergunta é como? Regra geral ou aumentamos a receita ou cortamos a despesa.
Assunto longo, que deverá resultar em alguns posts neste blog, vou me dedicar neste momento a analisar a evolução das alíquotas de imposto de renda nos últimos anos.
Veja abaixo:

A tabela acima mostra os reajustes das alíquotas de Imposto de Renda nas diferentes faixas salariais. Assim, para o ano de 2007, a renda daqueles considerados isentos foi reajustada em 8%. Assim, se o salário de um indivíduo considerando isento no ano de 2006, for reajustado em 10%, ele passou a pagar a alíquota de 7,5% a partir de 2007. Mas, se a inflação fosse de 7%, este indivíduo permaneceria isento.
Desta forma, não podemos olhar essa tabela sem considerar a inflação.

Considerando agora os efeitos da inflação, vemos que até 2009 os reajustes da tabela eram superiores à inflação. Desta forma,  um número maior de indivíduos passava a recolher menos tributos do que no período anterior (aqueles no limiar de renda).
A partir de 2009, os reajustes da tabela foram um pouco superiores à inflação, fazendo com que mais indivíduos passassem a pagar impostos, crescendo a base tributária.
Mas, no ano de 2015 é que vemos uma grande diferença entre a inflação e o reajuste da tabela do imposto de renda. Imaginável a reação da população.



 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Notas sobre Inovação e Taxa de câmbio

Muitas são as hipóteses apresentadas para explicar o resultado do investimento em inovação no Brasil. Sim, é necessário investir para inovar, seja dinheiro ou tempo, ambos escassos. Mas, falaremos de escolhas mais à frente. A industrialização tardia, a escassez de financiamento e seu custo, questões relacionadas ao marco regulatório, problemas de qualificação profissional são fatores utilizados como explicação para a inovação.
A questão então que se coloca é por que as empresas brasileiras não inovam? Uma das hipóteses repetida ao longo do tempo entendia que precisávamos de um choque de capitalismo. Que a estratégia substitutiva de importações, ao criar um mercado cativo e proteger as empresas locais desestimulou uma postura mais pró ativa nos empresários locais. Outra hipótese relacionava a fraca despesa com inovação às incertezas associadas à inflação. A impossibilidade de calcular o retorno esperado limitava as despesas em investimento fosse em inovação fosse em expansão da capacidade de produção.
Assim, nos primeiros anos após o Plano Real, expomos nossas empresas a um choque de mercado: reduzindo as alíquotas de importação, abrimos a economia e apreciamos o câmbio em um curto período de tempo, de 1988 a 1994. Entendíamos que as empresas locais responderiam ao novo ambiente ampliando gastos de investimento de forma a manter ou ampliar seu market share, mas isso não foi observado. Muitos economistas então passaram a relacionar o fraco desempenho com o que convencionamos chamar de tripé de política macroeconômica: a combinação de um câmbio flutuante, com metas de superávit primário e inflação, o que resultava em aperto fiscal e altas taxas de juros. Assim, entendia-se que estímulos fiscais poderiam reverter as expectativas deterioradas quanto ao crescimento da economia.
O período Lula, reverteria, portanto, a situação de aperto. Mas estava associado a um crescimento nos preços das commodities. O período de bonança foi aproveitado para melhorar a distribuição de renda e eliminar a dívida junto ao Fundo Monetário Internacional. Mas, não planejamos o futuro. Ao contrário, o crescimento do consumo inibiu a poupança e os investimentos produtivos. Mas, a poupança não é a única condicionante das inversões produtivas. A principal razão para realizar investimentos produtivos, sejam eles em inovação ou não, é a expectativa de lucros. 
A tentativa de reduzir juros forçadamente e implementar medidas de estimulo em um pacote de política industrial, que incluiu desoneração da folha de pagamento e uma renúncia fiscal expressiva, não resultou em ampliação de investimentos. Nenhum dos esforços resultou em reversão da situação de estagnação.
Vários são os tipos de inovação: de processo, de produto, tecnologia, mas apesar das diferenças de concepção eles têm algo em comum. São o resultado de investimento cujo resultado é incerto. Relacionar decisões de investimento à taxa de juros conjuntamente as expectativas foi uma das contribuições de Keynes, atribuindo à política monetária importante papel na definição e escolha da alocação de recursos. Mas, em momento algum discutiu-se a neutralidade da moeda diante de uma complexa arquitetura monetária global. A ausência de coordenação da política monetária, ou mesmo a impossibilidade de afetar preços globais para economias pequenas, altera a alocação de recursos.  Falar de depreciação cambial é extremamente impopular, seja por que evoca estratégias intervencionistas e protecionistas do passado seja por seu efeito sobre a inflação. Mas, a taxa de cambio fortemente apreciada, mesmo que leve a um equilíbrio da conta corrente, desestimula investimentos produtivos e os reorienta seja para países estrangeiros seja para setores onde temos vantagens competitivas.
As decisões de investir, sejam em expansão da capacidade produtiva, sejam na inovação de processos, de tecnologia ou de produto, dependem da expectativa de lucro.

Nos debates acadêmicos, consideramos o efeito da taxa de câmbio sobre a importação de máquinas e equipamentos e, assim, uma elevação da taxa de cambio inibiria investimentos produtivos. Muito embora a relação entre a variação do PIB, e, portanto, da demanda agregada, e a variação no estoque de capital desejado esteja consagrada nos modelos e argumentos do efeito acelerador, pouco se fala sobre uma possível relação positiva entre a taxa de câmbio, a demanda agregada e os investimentos produtivos.  
Mas, o que propomos aqui é uma relação inversa. É pensar em dois elementos. O primeiro é que é necessário colocar a taxa de câmbio no centro das preocupações de política econômica. O segundo é comprometer-se com uma regra.
Vamos entender por que. Há várias taxas de câmbio que podem ser consideradas relevantes, ou melhor há diferentes valores de câmbio e seu preço, fixado pelo mercado. Assim, calculamos qual seria a taxa de cambio capaz de manter o equilíbrio na conta corrente, o que significa não ter déficit ou superávit.
Calculamos também a taxa de cambio que denominamos paridade de poder de compra, que é aquela que iguala o preço de um produto produzido no exterior, por exemplo um Big Mac, com o preço do mesmo produto feito no Brasil. Vamos dar um exemplo: Considere que o Big Mac custe nos Estados Unidos o valor hipotético de US$8,00 e que no Brasil, o mesmo sanduiche custe R$ 24,00. Bem, a taxa de cambio que torna o preço em real equivalente ao preço em dólar é de R$3,00. Se comprarmos um destes sanduiches nos EUA estaremos pagamento o mesmo preço em reais que pagamos no mercado nacional. Consideramos esta taxa para comparar diferenças no custo e estilo de vida, mas, em lugar de utilizarmos um único produto, o fazemos com uma cesta de produtos. Assim, quando verificamos que a taxa de cambio corrente, ou o seu preço, torna mercadorias brasileiras mais caras, dizemos que há uma apreciação real da taxa de câmbio, diminuindo a competitividade das empresas brasileiras e, pior, tirando espaço no mercado interno ao tornar os produtos importados relativamente mais baratos.
O que precisaríamos fazer é calcular uma espécie de paridade de poder de competição internacional (PPCi), uma taxa de cambio que tornasse o preço em dólar competitivo para empresas brasileiras com sofisticação tecnológica, sinalizando para as mesmas que a inovação e compensada por retornos equivalentes a um investimento em outra nação. Claro está que temos diferenças de custo expressivas associadas à dificuldade logística, carga tributária, custos com mão de obra, etc.  E não se trata de corrigir diferenças de custo que estão associadas a ineficiências produtivas. Mas, se trata de estimular a eficiência que tem sido premiada com dificuldades crescentes de competir em função do câmbio. Assim, com uma taxa de cambio apreciada, desestimulamos aqueles que inovam e buscam produtividade e competitividade tirando-lhes tanto o acesso ao mercado doméstico como acesso ao mercado externo.

O IBGE pesquisa empresas para entender a relação das mesmas com a inovação. A última foi aplicada em 2014, mas os últimos resultados disponíveis referem-se a 2011.   A definição utilizada para inovação é: “Produto novo (bem ou serviço) é um produto cujas características fundamentais (especificações técnicas, componentes e materiais, software incorporado, user friendliness, funções ou usos pretendidos) diferem significativamente de todos os produtos previamente produzidos pela empresa.
Significativo aperfeiçoamento de produto (bem ou serviço) refere-se a um produto previamente existente, cujo desempenho foi substancialmente aumentado ou aperfeiçoado. Um produto simples pode ser aperfeiçoado (no sentido de obter um melhor desempenho ou um menor custo) através da utilização de matérias-primas ou componentes de maior rendimento. Um produto complexo, com vários componentes ou subsistemas integrados, pode ser aperfeiçoado via mudanças parciais em um dos componentes ou subsistemas. Um serviço também pode ser substancialmente aperfeiçoado por meio da adição de nova função ou de mudanças nas características de como ele é oferecido, que resultem em maior eficiência, velocidade ou facilidade de uso do produto, por exemplo.
Não são incluídas: as mudanças puramente estéticas ou de estilo e a comercialização de produtos novos integralmente desenvolvidos e produzidos por outra empresa. ”
De um universo de 17. 479 empresas selecionadas, 17% são consideradas empresas seguramente inovadoras, 63% com potencial inovador e apenas 20% sem indicação de potencial inovador. O período em que a pesquisa foi aplicada é especialmente interessante. Logo após a crise de 2008, com a economia crescendo e cambio fortemente apreciado.  Este resultado nos interessa especialmente pois a pesquisa anterior foi realizada quando o cenário era relativamente diferente. Apesar de apreciada, a taxa de câmbio estava relativamente depreciada se comparada a 2010. Cabe destacar que a escolha de inovar envolve custos cujo retorno é bastante incerto. Assim, as expectativas com relação ao cenário econômico tendem a afetar substancialmente esta escolha.
A apreciação cambial pode motivar novos investimentos e permitir acesso a tecnologia de ponta por meio de importação de novas máquinas e equipamentos. Mas, por que optar por uma estratégia de modernização tecnológica ou expansão da capacidade de produção se a mesma taxa de cambio que barateia o acesso a importações retira acesso ao mercado externo e ao mercado doméstico?
Uma apreciação cambial crônica, no longo prazo, promove a redução das margens de lucro das empresas do país, que deixam de poder exportar e perdem o mercado local em favor das importações.  
Na comparação entre os dois períodos, houve uma diminuição no número de empresas inovadoras. Assim, o percentual que era de 38,1% caiu para 35,6% o número de empresas inovadoras. Esse resultado parece apoiar a relação entre câmbio apreciado e investimentos em inovação. Destaca-se também a inovação de processos sobre a inovação de produtos visto que a primeira está relacionada a menores investimentos e menos incerteza quanto ao retorno.  Cabe destacar que o setor de serviços é o que apresenta a maior taxa de inovação quando comparado às indústrias selecionadas pela amostra da pesquisa.  Nos serviços considerados intensivos em conhecimento, a taxa de inovação em: “pesquisa e desenvolvimento (95,3%), desenvolvimento de software customizável (50,0%), outros serviços de tecnologia da informação (46,1%), e desenvolvimento de software não customizável (46,0%).”
A maior fonte de financiamento das empresas que empreenderam inovações é própria.

Impacto e grau de importância considerado alto da Inovação nas empresas

Fonte: Ibge, Pintec, 2011.


Em torno de 34% das empresas que empreenderam inovações receberam algum tipo de apoio do governo, como incentivos fiscais ou financiamentos. Do total das empresas 62% não implementaram inovações e, destas, 64% afirmam que não o fizeram em função das condições de mercado. Das empresas que afirmaram não terem inovado por outros fatores impeditivos, 43% afirmam que consideraram os riscos econômicos excessivos e 56% consideram os custos da inovação elevados. Das empresas que implementaram alguma inovação, 41% consideraram alta a importância de riscos econômicos, 51% consideraram os custos de inovação elevados, 43% afirmam que a escassez de fontes de financiamento e 49% afirmam que a falta de pessoal qualificado constitui elevado grau de importância como obstáculo à inovação.

Muito embora a incerteza e o risco inerentes à escolha de investimento em capital fixo estejam relacionados a inúmeros fatores como risco político, inflação, políticas discricionárias, entre outras, a variação cambial – medida pelo desvio padrão da taxa de câmbio comercial, como uma medida de risco e incerteza relevante para a escolha de investir em ativos fixos, cuja característica é a irreversibilidade. Assim, a depreciação recente tem baixo impacto sobre as estratégias de investir em inovação e em expansão produtiva face às oscilações cambiais. Ainda, a manutenção da taxa de juros elevada e a continuidade da política monetária norte americana, em que pese o anúncio de que esta será revertida, e a situação política nacional contribuem para expectativas de forte volatilidade cambial. 

Um pouco do que penso sobre a situação atual

sábado, 15 de agosto de 2015

Modulonet - Conheça a história do Edson!

Apesar de nascido em São Paulo, mudei com minha família para uma pequena cidade no Sul de Minas Gerais. Lá trabalhava na roça fazendo o que era necessário, ou seja, de tudo um pouco. Mesmo com escassos recursos e pouca idade  pude identificar uma sensação que me inspirava e motivava a realizar algo, a ambição.
Era aquela ambição positiva que nos tira da cama as 5 horas da manhã com um desejo inexplicável de realização, mesmo que 30 minutos depois tenha que percorer 8 km de bicicleta em estradas de terra para enfrentar uma jornada de no mínimo 9 horas, debaixo de um forte sol ou chuva.
Anos se passaram e pude perceber que era necessário ser auto-suficiente para custear os estudos. Uma alternativa identificada na época foi o concurso militar. Reconheço que os desafios vivenciados contribuiram muito para o desenvolvimento de  características fundamentais, como a  disciplina e persistência.
Inicialmente eu tinha um caderninho onde anotava tudo o que gastava levando em consideração que os rendimentos eram tão baixos que quase não precisavam de atenção para controla-los. Através de testes identifiquei que esse era justamente meu perfil e por isso sempre compartilho essa experiência com colegas, descobrir qual é o próprio perfil é o primeiro passo para organização. Independente se o objetivo é melhorar e obter rendimentos para investir ou controlar-se para quitar dívidas, organização é fundamental.
Já com 27 anos, um diploma superior em tecnologia e mãos calejadas de experiência, retornei a tão almejada São Paulo. Para administrar tudo foi necessário utilizar essa disciplina nas contas, controlando a ansiedade e equilibrando aquela ambição inicial. Como instinto de sobrevivência foi necessário adequar-me a diferentes atividades e ambientes o que contribuiu na atualização do meu caderninho passando-o para uma planilha excel, que possuía algumas fórmulas básicas.
Enxergar e procurar entender a perspectiva e ponto de vista do outro me trouxeram inspiração e sabedoria para aproveitar conhecimentos e experiências, dessa forma atualizei novamente a maneira de organizar minhas finanças pessoais combinando com a evolução da tecnologia, interesse de amigos e assim tive a idéia de construir o modulonet; meu objetivo era criar uma ferramenta, um instrumento de apoio que possibilitasse auxiliar no controle e na parte que considero a mais importante de todas para quem deseja iniciar um planejamento financeiro, a conscientização.



Compartilho algumas dicas iniciais que funcionaram para mim, contribuem até hoje e espero que possa ajuda-lhe no objetivo de ter um planejamento financeiro:
Conscientizar - Estar ciente de qual é a situação atual; é importante saber, seja ela muito boa ou ruim. No meu caso o que me ajudou foi visualizar com clareza o que é que gasto, onde, e quanto.
Identificar - Identifique seu perfil, analise-se e conheça-se; Não existe fórmulas universais, para cada pessoa há uma maneira que funcionará  melhor. Passei muito tempo testando. Entendo que esse é um esforço contínuo e que nosso perfil também muda conforme a fase na qual estamos.
Dedicar - É necessário investir tempo; Reconhecer o campo de influência é importante para ajudar na priorização das coisas. Se assim for o interesse, redes sociais, televisão, noticiários, jogos, discussões políticas, podem ser desfrutados sem problema algum, porém aprendi que o retorno obtido é proporcional a energia/tempo investido. Nem que seja 30 minutos a cada 2 ou 3 dias, dedique-se.
Criei o Modulonet para que me permitisse de uma forma simples e prática controlar minhas despesas, conscientizar-me. Algo que fosse possível utilizar mesmo sem categorias ou formas de pagamento. Com os gráficos e tabelas podia ter uma idéia exata de onde e quanto era gasto. Através de idéias colaborativas o evoluí adicionando recursos de receitas e balanço e maneiras mais elaboradas de classificação, entretanto todos como opcionais mantendo assim a simplicidade.
Novamente pude perceber que era necessário adaptar-me as necessidades e incluir maneiras de facilitar o uso, foi assim que abandonei definitivamente meu tão querido celular Nokia modelo 1208 e adquiri um smartphone com objetivo claro de criar uma solução que pudesse interagir com o modulonet por aplicativo mobile.
O resultado de tudo isso pode ser conferido nos seguintes locais:

Link direto

Baixaki

Superdownloads

Play Store:

Apple Store:
https://itunes.apple.com/us/app/modulonet/id1003054978?l=pt&ls=1&mt=8