sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quando comprar dólares?

Uma amiga que pretende viajar para a Europa em julho me perguntou o que era melhor: comprar dólares ou euros?
Boa pergunta!
Quando me preparo para uma viagem, primeiro faço um orçamento . Quanto vou/posso gastar mais ou menos a cada dia. Depois tento prever o que vou precisar em dinheiro e o que posso gastar em cartão de crédito.
Já faço diferente de muitos. A grande maioria de meus colegas prefere não gastar no cartão de crédito. Mas, o cartão apresenta grandes vantagens mesmo com a cobrança do IOF mais elevado. Primeiro, o cálculo é feito utilizando como referência o dólar comercial (em geral a PTAX) mais barato que o câmbio turismo. Depois, a grande maioria dos cartões oferece bônus a cada dólar gasto. Se você comprar dólares em espécie ou carregar um cartão pré pago você não terá direito ao bônus e tampouco pagará o dólar pelo câmbio comercial.
Façamos uma simulação simples: Você vai gastar US$ 1.000,00 (hum mil dólares). Se for no cartão e o vencimento fosse ontem, esse valor seria 1.584,20. Se acrescentarmos o IOF, você pagaria R$1.593,70. Em geral o banco cobra mais algumas taxas... o valor varia de administradora para administradora de cartão de crédito.As tarifas pelo uso do cartão internacional teriam que ser superiores a R$72,00 (setenta e dois reais) para valer a pena comprar comprar dólares e levá-los. Vale a pena perguntar. Não se esqueça que você acrescentaria mil pontos de bônus para retirar em prêmios diversos (inclusive passagens para uma nova viagem).
Se você fosse comprar dólares ou carregar um cartão pré pago, você pagaria em torno de R$1.666,00
No caso dos cartões pré pagos, você pagará mais caro o carregamento e, além disso, é cobrada uma tarifa para saque no exterior em torno de US$4,50 (quatro e cinquenta).
Além disso, como a tendência é de valorização do real e a taxa de juros brasileira é bastante elevada, enquanto viajamos nosso dinheiro fica rendendo em aplicações financeiras. Na volta, ainda podemos comprar dólares mais baratos! Claro que há o risco de uma alteração na conjuntura econômica.... Mas, jornais e revistas especializadas estão recheados de dicas nestas situações.
Ponderando essas questões, eu opto por usar o cartão de crédito sempre que possível. Carrego um pouco de dinheiro em espécie caso eu tenha problemas com o cartão e levo sempre um cartão pré pago que é a forma mais fácil de conseguir mais dólares no exterior. Há, quase me esqueço, há cartões de movimentação de conta corrente que são associados à rede Cirrus. Nestes casos, é possível sacar dólares no exterior direto de sua conta corrente. Pergunte ao seu gerente se você tem essa opção, qual a taxa de câmbio utilizada (normalmente é o câmbio turismo) e quais as tarifas que serão cobradas.
Quanto à pergunta que originou este texto, a resposta é simples. Em cada país há regras para a fixação da taxa de câmbio. Em alguns países a regra é fixa e em outros é flexível. Ou seja, a taxa de câmbio depende da quantidade oferta e demandada de cada moeda.
No Brasil a taxa para o dólar comercial é de R$1,5842 e para o euro comercial R$2,2880; já na Europa, a taxa para a compra de Euros está em US$1,4450. Se você comprar dólares no Brasil e for trocar por Euros aqui, você pagará US$1,4442. A diferença é muito pequena neste caso. Mas imagine que você comprou dólares no Brasil e, chegando na Europa, uma elevação da taxa de juros do Banco Central Europeu atraia mais dólares barateando-os. Neste caso você fez um péssimo negócio. Você vai precisar de muitos mais dólares para trocar por Euros. Mas, um aumento na taxa de juros nos Estados Unidos terá o efeito contrário!!!!! Como é difícil prever estes acontecimentos, aconselho a comprar a moeda local!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Matrículas no Ensino Superior

Dados do Censo da Educação Superior mostram que ao longo dos anos 2003-2009 houve uma expressiva queda na relação ingresso/vaga oferecida sugerindo ter havido um crescimento significativo na oferta de vagas não acompanhado por um crescimento na demanda.
De fato, o crescimento das matrículas diminuiu!
O elevado preço das mensalidades escolares explicaria o percentual baixo de alunos com idade para cursar uma faculdade efetivamente matriculados. Bem, nos últimos anos assistimos um esforço legítimo para aumentar a inclusão e as matrículas no nível superior. A criação do PROUNI, a redução dos juros praticados pelo FIES, a aceitação de fiadores solidários e o aumento significativo das vagas oferecidas em Universidades/Faculdades Públicas são o resultado desse esforço.
No entanto, o crescimento das matrículas se dá a taxas decrescentes. O que explica esse fenômeno?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Medidas Macroprudenciais

Publiquei ontem no blog www.europeaneconomyissues.blogspot.com algumas preocupações relativas à condução da política monetária e, em especial, à política de metas inflacionárias.
Não me resta dúvida da eficácia do Regime de Metas. Mas, seguramente o sucesso da implementação do tripé de política econômica possui limitações e custos associados.
Anos atrás, o economista Jan Tinbergem era laureado com um premio Nobel por sua contribuição à teoria da Política Econômica. Um pequeno volume entitulado "Introdução à teoria da Política Econômmica" publicado em português oferece um receituário.
Como primeiro passo Tinbergen alerta para a necessidade de especificar objetivos de política econômica que maximizem o bem estar social. Em bom português: devemos definir objetivos que aumentem a qualidade de vida da população. Em bom economês: devemos, para fazer uma política ótima, explicitar uma função de bem estar social e encontrar seu ótimo condicionado.
O governo brasileiro percebeu nas urnas que o crescimento dos preços diminui o bem estar social (Tinbergen chama de indicador de preferência social). Desta forma, definimos como objetivo o controle do nível de preços. A escolha do instrumento recaiu sobre a taxa de juros e a determinação desta está vinculada a uma meta para a inflação e à observação de desempenho de indicadores diversos da economia.
A relação entre juros e inflação obedece a um quase mítico mecanismo de transmissão da oferta de moeda.
A elevação dos juros contrai a base monetária e contém movimentos de monetização entre os agregados monetários. Simultaneamente a taxa de juros exerce efeitos sobre as decisões de consumo e investimento. A relação com o consumo carece de aferição. Em parte, o consumo oscila conforme a disponibilidade de crédito. Mas, em parte o consumo é afetado pelo que chamamos de efeito riqueza. Uma elevação dos ganhos com aplicações eleva as despesas de consumo em prazos mais longos. Já os investimentos produtivos guardam relação questionável com a taxa de juros. A globalização e a criação de produtos financeiros cada vez mais sofisticados oferecem alternativas à captação de capitais de terceiros em mercados externos contornando elevações de juros no mercado local (refiro-me às operações de carry trade). No entanto, o impacto de uma elevação da taxa de juros sobre o mercado acionário tende a afetar o preço de compra de bens de capital elevando-o e tornando mais atrativos os novos investimentos produtivos.
Estes muitos parágrafos tem o intuíto de mostrar que a relação entre juros e preços se dá pela demanda agregada e não pela oferta.
Assim, uma elevação de preços relacionada a restrições na oferta de bens e serviços não deveria ser combatida com medidas de contração da demanda agregada.
Creio que em pouco tempo veremos o Banco Central Brasileiro anunciar uma flexibilização das metas de inflação para o ano de 2011 por esse motivo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Europa

Como imaginado: o Banco Central Europeu elevou a taxa de juros de 1% para 1,25%! Mesmo pequeno, este aumento mostra o compromisso do BCE com a valorização do Euro e o combate à inflação.
Contudo, vamos à considerações.... A elevação dos preços não resultou de um excesso de demanda no mercado europeu. Portanto, a elevação dos juros, penaliza países como Portugal, Espanha, Italia, Irlanda e Grécia, sem contudo atacar as causas reais da elevação de preços.
Aparentemente, o BCE não relaciona a elevação dos preços das comodities à frouxidão da política monetária dos EUA...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Qual taxa de juros?

Amanhã, o Banco Central Europeu fará uma difícil escolha acerca da nova taxa de juros. No último mês, o BCE anunciou que seria possível elevar a taxa de juros para, com isso, controlar a elevação dos preços. No entanto, países como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha (os chamados PIIGS) precisariam neste momento de uma redução na taxa de juros com consequente desvalorização do Euro. Como resultado de uma política monetária expansionista, com regime de câmbio flutuante, a desvalorização do euro promoveria um aumento nas exportações, no nível de atividade e no emprego.
O que fazer? Controlar preços ou estimular o crescimento?
No caso da Alemanha e da França, uma elevação dos juros e valorização do Euro não comprometem o resultado em conta corrente do Balanço de Pagamentos. E, uma contenção de preços, apesar de reduzir o ritmo de crescimento, tende a aumentar os salários reais.
Alguns especulam que as diferenças entre as economias da União Européia levariam à saída de alguns países da zona do euro. Contudo, um olhar atento mostra que países como Portugal, por exemplo, ganham mais do que perdem em função de acordos comerciais. No mais, os PIIGS representam algo como 15% do PIB europeu!
Mas, o mesmo olhar atento, mostrará uma Alemanha fortemente dependente de exportações e com uma dívida de 75% do PIB. Também a Alemanha perde com a apreciação cambial! Seja por uma redução das exportações, seja pelo encarecimento na rolagem da dívida.
No mais, as expressivas monetizações do Tesouro feitas pelo FED, ao desvalorizar o dólar já valorizam o euro.
Portanto, dificilmente o Banco Central Europeu optará por um aumento da taxa de juros. Se a opção for pela elevação, está deverá ser pouco significativa.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Alemanha - Primeiro País da Viagem

A Alemanha foi o segundo maior país exportador do mundo em 2009 e 2010. Apesar do excelente desempenho econômico em 2010 o país foi fortemente atingido pela queda da demanda mundial durante a crise econômica mundial em 2008-2009. Em 2010, a economia Alemã cresceu 3,6¨%, depois de uma queda de 5% em 2009.
O país possui uma infra-estrutura bem desenvolvida e, apesar das dificuldades de um mercado de trabalho rígido, consegue ser competitiva.
As exportações respondiam por 58% do PIB antes da crise, passando para 38,5% em 2010. A elevada dependência das exportações tornou a Alemanha especialmente vulnerável à crise em 2008. A China é responsável pelo crescimento recente das exportações Alemãs, com fortes encomendas de máquinas e equipamentos . Atualmente o resultado em conta corrente é de 6,1 % do PIB com previsão de queda para 2011.

“A Alemanha é um membro da União Européia e da união aduaneira. Como tal, as políticas de comércio para toda a União Europeia são definidas pela Comissão Europeia em que cada país pode exercer as suas preferências comerciais, mas a UE como um todo apresenta uma política comercial única e global. Apesar de sucessivas rodadas do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) derrubaram quase todas as barreiras tarifárias e não tarifárias na UE, ainda existem alguns setores que permanecem fortemente protegidos, principalmente na agricultura. Houve um aumento significativo nos acordos comerciais preferenciais da UE (PTAs) desde o final dos anos 1990 e sobretudo com a dificuldade das negociações comerciais multilaterais na OMC. “ (Euromonitor, 04/04/2011)
Em 2008, a Alemanha fez uma reforma fiscal com o objetivo de reduzir encargos tributários . Como resultado, princípios como o da neutralidade e equidade tributária foram atingidos. Além disso, o tempo gasto para preparar, registrar e pagar impostos caiu significativamente.
A competitividade Alemã se explica em parte em função de seu mercado de trabalho. A mão de obra alemã é relativamente barata quando comparada com países vizinhos. Além disso, não há salário mínimo obrigatório no país. No entanto, os salários mínimos são freqüentemente negociados através de acordos coletivos de trabalho nos diferentes setores e variam entre 6,5 € (9,3 dólares EUA) para € 12,9 (EUA $ 18,4), dependendo do setor. (Euromonitor)
Os pacotes de ajuda aprovados pelo governo Alemão para amenizar os efeitos da crise, ampliaram a dívida do país para 75,1% do PIB em 2010.
Apesar da dívida, a Alemanha está preocupada com o crescimento dos preços e com o controle rígido da política monetária. A contenção do valor do euro resulta em grande parte do rigor alemão frente ás crescentes pressões de países como Espanha, Italia, Portugal, Irlanda e Grécia.

domingo, 3 de abril de 2011

Economia Européia

Estou desenhando um curso sobre Economia Européia para janeiro de 2012 para os alunos da FEA/PUC-SP. As etapas de criação e execução do curso , bem como matérias de interesse sobre a Economia Européia, serão divulgados em outro blog: www.europeaneconomyissues.blogspot.com Acompanhe!