Publiquei ontem no blog www.europeaneconomyissues.blogspot.com algumas preocupações relativas à condução da política monetária e, em especial, à política de metas inflacionárias.
Não me resta dúvida da eficácia do Regime de Metas. Mas, seguramente o sucesso da implementação do tripé de política econômica possui limitações e custos associados.
Anos atrás, o economista Jan Tinbergem era laureado com um premio Nobel por sua contribuição à teoria da Política Econômica. Um pequeno volume entitulado "Introdução à teoria da Política Econômmica" publicado em português oferece um receituário.
Como primeiro passo Tinbergen alerta para a necessidade de especificar objetivos de política econômica que maximizem o bem estar social. Em bom português: devemos definir objetivos que aumentem a qualidade de vida da população. Em bom economês: devemos, para fazer uma política ótima, explicitar uma função de bem estar social e encontrar seu ótimo condicionado.
O governo brasileiro percebeu nas urnas que o crescimento dos preços diminui o bem estar social (Tinbergen chama de indicador de preferência social). Desta forma, definimos como objetivo o controle do nível de preços. A escolha do instrumento recaiu sobre a taxa de juros e a determinação desta está vinculada a uma meta para a inflação e à observação de desempenho de indicadores diversos da economia.
A relação entre juros e inflação obedece a um quase mítico mecanismo de transmissão da oferta de moeda.
A elevação dos juros contrai a base monetária e contém movimentos de monetização entre os agregados monetários. Simultaneamente a taxa de juros exerce efeitos sobre as decisões de consumo e investimento. A relação com o consumo carece de aferição. Em parte, o consumo oscila conforme a disponibilidade de crédito. Mas, em parte o consumo é afetado pelo que chamamos de efeito riqueza. Uma elevação dos ganhos com aplicações eleva as despesas de consumo em prazos mais longos. Já os investimentos produtivos guardam relação questionável com a taxa de juros. A globalização e a criação de produtos financeiros cada vez mais sofisticados oferecem alternativas à captação de capitais de terceiros em mercados externos contornando elevações de juros no mercado local (refiro-me às operações de carry trade). No entanto, o impacto de uma elevação da taxa de juros sobre o mercado acionário tende a afetar o preço de compra de bens de capital elevando-o e tornando mais atrativos os novos investimentos produtivos.
Estes muitos parágrafos tem o intuíto de mostrar que a relação entre juros e preços se dá pela demanda agregada e não pela oferta.
Assim, uma elevação de preços relacionada a restrições na oferta de bens e serviços não deveria ser combatida com medidas de contração da demanda agregada.
Creio que em pouco tempo veremos o Banco Central Brasileiro anunciar uma flexibilização das metas de inflação para o ano de 2011 por esse motivo.
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