Há quem deseje conhecer os possíveis impactos da crise impulsionados pelo desejo de evitar perdas. Mas a tensão causada pela crise de proporções caóticas parece deixar para segundo plano a necessidade de explicar as origens do fenômeno recente e identificar a necessidade de criação de uma regra monetária internacional.
Os E.U.A. acumulam resultado negativo na Balança Comercial desde 1990.
Fonte: Macrodados
Fonte: Macrodados
Tal resultado só é possível se acompanhado por uma expansão monetária equivalente.
Fonte: Macrodados
Enquanto o Fed logrou êxito em controlar a expansão dos meios de pagamento em seu conceito M1, era inevitável observar o ritmo explosivo dos agregados mais abrangentes e a busca por valorização.
De forma estilizada, o maior parceiro comercial norte americano é a China. Pais que acumulou expressivos valores em reservas internacionais. Enquanto o fluxo de mercadorias favorecia a China, o fluxo financeiro contrabalançava o Balanço de Pagamentos Norte Americano.
As reservas Chinesas concentravam suas aplicações em Treasury Bonds e Mortgage-Backed. Ainda, o Banco do Povo é o maior detentor estrangeiro de ativos emitidos por Fannie Mãe e Freddie Mac[1].
Em 2002, uma ousada operação do Banco do Povo sob pretexto de alterar a composição de suas reservas deu origem à crise que estamos assistindo.
O receio de que a opção Chinesa fosse mimetizada por outros Bancos Centrais, levou o FED a alterar suas taxas de juros de forma a controlar a expansão monetária no curto prazo e manter o valor da moeda.
Várias são as implicações de um aumento nas taxas de juros. Há pouco consenso acerca dos mecanismos de transmissão da oferta monetária[2]. Mas, parece certo supor que em uma economia que registrou em 2002, uma razão crédito/PIB acima de 200%[3] a combinação juros altos e risco moral resultariam seguramente em grandes perdas.
Em síntese, aparentemente a crise atual têm sua origem explicada por uma combinação de ausência de regras monetárias para emissão do meio de troca internacionalmente aceito, e a definição de regras monetárias ótimas cuja justificativa se baseia em metas de crescimento na produção ou de controle inflacionário e que não garantem objetivos globais.
Tendências
Agora que é possível compreender a natureza da crise, talvez possamos entender quais as possibilidades que o futuro nos guarda.
Parece inevitável a ocorrência de perdas globais de forma a acomodar o enorme excedente monetário uma vez que as expectativas de que aumentos no nível de preços foram controladas.
Neste contexto, há necessidade de coordenação de políticas monetárias de forma a evitar maiores prejuízos. Mas como fazê-lo em ambiente de elevada volatilidade? Ainda, não podemos desconhecer o fato de que a crise alcança não apenas as instituições do sistema financeiro que atendem ao público, mas também os Bancos Centrais. Estes acumulam perdas associadas à variação cambial, queda nos preços dos ativos e por socorrer instituições através de operações de redesconto e similares. Desta forma, mesmo aqueles que pensam não ter relação com os eventos atuais, pagarão parte das perdas em função da socialização tributária necessária para cobrir prejuízos do Banco Central.
[1] The Wall Street Journal, July 11 , 2008
[2] Blinder, Alan.
[3] Iedi, , Carta n. 116.
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