segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Inflação

Alguns de nós conviveu com a inflação e mantemos vívida a memória daqueles tempos. Meus alunos de agora, são filhos da estabilidade de preços. Não conheceram o país da inércia acelerada. Como estamos vivendo um momento de aumento de preços de commodities em geral, creio ser oportuno explicar um pouco o fenômeno da inflação.
Aumentos de preços estão relacionados ou a um aumento na procura (há mais pessoas que podem e querem pagar) ou a restrições na oferta (problemas climáticos,etc)
No passado, contribuiam para o aumento sistemático dos preços a indexação ou a correção de preços e salários por índices de preços. Desta forma, um aumento de preços que afetasse um índice de inflação como o INPC, serviria de base de cálculo dos salários. Salários corrigidos e maiores significam custos maiores de produção. Sempre que possível, as empresas buscam repassar o aumento de custos aos seus clientes aumentando o preço. Mas, se os preços subirem novamente....o índice de preços irá refletir esse aumento. Novamente os salários serão corrigidos, etc... Chamamos esse fenômeno de inércia inflacionária.
Também havia um componente de aceleração inflacionária. O medo de um possível aumento de preços nos levava a comprar dólares como forma de proteger nosso poder de compra. O aumento na procura por dólares elevava o preço destes. O problema estava no fato de algumas empresas calcularem o preço de seus produtos em dólares. Quando o preço do dólar subia, o preço das mercadorias subia. Assim, bastava prever um aumento de preços que a procura por dólares subia, aumentando assim os preços!
Hoje, mecanismos de indexação a indices de preços ou dolarização acabaram. Graças a isto pudemos manter os preços sob controle.
O regime de metas, que obriga o Banco Central a aumentar a taxa de juros para controlar a inflação, auxilia o país na tarefa de manter preços sobre controle.
A elevação de preços que estamos vendo hoje é o resultado de uma elevação de preços no mercado externo causada por problemas climáticos e muita especulação. Já no mercado doméstico, a elevação de preços é o resultado da economia aquecida. O aumento na produção normalmente é acompanhado de uma diminuição na taxa de desemprego. A redução no desemprego aumenta o poder de negociação dos trabalhadores. Reajustes de salários, indexados ou não, aumentam os custos de produção. Atualmente, esses reajustes são repassados apenas parcialmente para os preços e nos setores onde a competição com produtos importados é menor.
Há duas formas de solucionar a pressão de preços doméstica: podemos desaquecer a economia aumentando a taxa de juros ou ampliar a capacidade de produzir com o mesmo número de trabalhadores!

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