terça-feira, 21 de junho de 2011

Tragédia no lugar de comédia?

A contínua valorização do real significou às empresas exportadoras não apenas um encarecimento do preço de seu produto em dólar, com conseqüente diminuição nas vendas, mas também uma diminuição na receita quando convertida em reais. Desta forma, manter uma taxa requerida de retorno tornou-se uma difícil arte. Para a grande maioria a manutenção da taxa exigida de retorno pelos acionistas significa compensar perdas operacionais com ganhos financeiros. Assim sendo, muitas das empresas brasileiras estão expostas a operações cambiais de considerável risco. Obviamente a continua valorização do real confere uma aparente estabilidade para estas operações tornando a aposta óbvia.
Mas a crise Grega e as possibilidades de contágio apontam para a ausência de obviedade deste jogo.
Sabemos que após a crise de 2008, Bancos e Empresas financeiras e não financeiras buscaram diminuir seu grau de exposição e ampliar a liquidez de seus ativos. A crescente demanda por moeda de reserva (resultante do esforço de ampliação da liquidez) garantiu ao Fed a possibilidade de financiar o Tesouro Americano em seu esforço de estimular a demanda agregada. Apesar disso, é razoável supor que há agentes financeiros pouco aversos a riscos e que permaneceram especulando em busca de ativos de elevado risco e retorno como os títulos da dívida Grega. O que não sabemos é em que medida a posse de títulos da dívida grega e a possibilidade de contágio podem levar a um “Double dip”!
No caso, e estamos aqui apenas especulando, poderíamos ver ocorrer no Brasil um pico de desvalorização do real e ver a história se repetir como tragédia e não como comédia. Diante desta probabilidade, mesmo que remota, seria altamente recomendado às empresas brasileiras mencionadas no início deste texto que diminuíssem seu grau de exposição ou buscassem estratégias defensivas.

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