Ainda sobre a movimentação de capitais internacionais, chama a atenção o potencial de fusões em uma economia que se recupera, com perspectivas de crescimento, em um cenário internacional preocupante.
Entre os fatores que permitem a existência de negócios atraentes estão as previsões de crescimento e a existência de assimetrias de informação.
No passado, em alguns setores foi a existência de contratos que permitissem ou garantissem reajustes de preços pelo IGP-M ou por equivalência de preços no mercado mundial que garantiu a atratividade dos negócios.
Hoje, a existência de indexação faz crescerem os preços administrados bem acima da média da inflação.
A indexação cria inúmeras distorções. A primeira distorção é alocativa, pois desestimula investimentos em setores cujos preços são livremente negociados. Operando com um regime de metas, quando os preços sobem sinalizando uma inflação acima da meta, o Banco Central eleva a taxa de juros, desestimulando a atividade econômica e promovendo o ajuste na média ponderada de preços alvo (meta inflacionária) com redução mais do que significativa nos preços livres, reduzindo a lucratividade nestes setores. A diminuição na lucrativadade desestimula investimentos reduzindo a oferta futura nestes segmentos. A segunda distorção é temporal. Um aumento nos preços, causado por problemas momentâneos como alterações climáticas, tende a se perpetuar. Conhecemos esse fenômeno como inflação inercial e em econometria, dizemos que o processo inflacionário pode ser expresso como um processo com raiz unitária. A terceira distorção se refere aos consumidores e seu poder de compra. Os reajustes de preços indexados tornam os preços no Brasil superiores aos preços praticados internacionalmente e tornam a vida dos Brasileiros mais cara.
O resultado esperado de um diagnóstico como este seria denunciar os contratos que garantem a indexação para renegociá-los em bases mais adequadas. Mas, por que afinal permitimos a indexação?
Por trás dos processos de privatização das empresas estatais, estava a necessidade de realizar para o Estado Brasileiro um ajuste patrimonial. A venda de ativos do Estado permitiria a redução do endividamento e, com isto, uma redução no risco país, na taxa de juros, e da necessidade de aumento na arrecadação. Portanto, naquele momento, a aceitação de contratos que permitissem uma projeção de fluxo de caixa sem o risco da inflação, permitiria condições mais favoráveis de negociação.
No contexto atual, a indexação é uma insanidade que ameaça a estabilidade do controle de preços e as expectativas de crescimento econômico. Contudo, a denúncia dos contratos deve levar em conta as condições de negociação anteriores e a viabilidade desses negócios. Trata-se portanto, de uma escolha díficil em que, em um lado está a população arcando com os custos inflacionários e, de outro, a credibilidade e confiança que - sendo abaladas por uma denúncia de contrato - ampliam os riscos de negócios com o Brasil.
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