Impressionante a força que alguns movimentos e idéias tem. Ainda sobre a discussão acerca da elevação do teto da dívida norte americana, cabe avaliar o que estava por trás do impasse.
Mesmo não sendo da minha área, me arrisco aqui a escrever um pouco sobre essa questão.
Propostas como a da elevação do teto exigem que tanto o Congresso quanto o Senado aprovem a mesma proposta. Sendo assim, uma vez aprovada pelo Congresso uma cópia exata é enviada ao Senado e, após análise, levada a votação. Caso o Senado aprove a proposta com alterações, o projeto volta ao Congresso para ser votado novamente.
Como vimos, o impasse maior estava no Congresso. Um Congresso de maioria republicana e, portanto, de oposição. Apostavamos que uma vez obtida a aprovação do Congresso a proposta seria rapidamente aprovada pelo Senado que tem em sua maioria Democratas.
Bem, primeiro temos no Congresso um partido Republicano fragmentado e portanto com frágil liderança. Por diversas vezes lemos sobre o GOP, o Tea Party, o Grupo dos seis.... Afinal, do que se trata?
GOP é a abreviatura de Grand Old Party ou Grande Antigo Partido. Trata-se portanto de um apelido dado para o Partido Republicano. Conservadores e liberais são favoráveis a um orçamento equilibrado e fizeram oposição dura a um aumento de impostos como alternativa de redução do déficit público.
Já o Tea Party refere-se a um movimento também conservador com características populistas em um sentido diverso daquele que estamos acostumados a utilizar. O nome faz referencia a um antigo movimento em que os Americanos questionavam o monopólio Ingles do comércio de chá. É um movimento supra partidário apesar de suas opiniões serem muito similares às dos Republicanos. Questionam o tamanho do Estado na economia, a necessidade de redução de impostos, se preocupam com a elevação do déficit e da dívida. O Tea Party cresceu após a crise de 2008.
O grupo dos seis (que em inglês fica Gang of Six) é um grupo também suprapartidário. Mas, um grupo do Senado americano.
Voltando ao Congresso, bastante representativo uma vez que pondera por população o número de cadeiras na casa, vemos que a maioria dos americanos está representado por Republicanos, liberais e conservadores. Do ponto de vista do receituário de política econômica, entendem que o Estado não deve ser caro e custoso. Entendem que a responsabilidade da construção de uma economia forte e uma sociedade justa está nas escolhas individuais e não em ações do governo.
Já o Senado, com forte presença de Democratas, entende que a recuperação da economia americana está na coordenação de gastos viabilizada pelo Governo que elevando a demanda agregada estimula a atividade econômica. Aprovam também a tributação das riquezas e maiores rendas como forma de corrigir distorções.
Bem, escrevi isto por um motivo. Estou lendo um livro sobre a China que mostra como o Império sucumbiu ao não perceber movimentos políticos que acabaram se tornando expressivos e incontroláveis. Impossível não associar as dificuldades na negociação atual com a leitura.....
domingo, 31 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Difícil situação
Impressionante observar como os americanos se auto-infligiram uma crise que poderia ter sido evitada caso o Congresso e Senado aprovasse a elevação do teto da dívida.
Cabe diferenciar a situação americana da situação das economias européias. No caso de Grécia, Portugal, Irlanda, Italia e Espanha, déficits crescentes elevaram a dívida. A percepção de que essas economias não teriam recursos suficientes para realizar o pagamento dos compromissos de dívida já assumidos levou os detentores de títulos e financiadores desses países a exigir juros mais elevados e mesmo a evitar realizar empréstimos através da compra de títulos a esses países. Portanto, essas economias enfrentaram uma restrição de fonte de financiamento. Já no caso americano, também o déficit crescente elevou a dívida. No entanto, há demanda por títulos americanos. Portanto, é possível ao governo americano realizar a venda de títulos e obter recursos necessários ao financiamento do déficit. Mas, entende o Congresso Americano que esta é uma situação que não pode sair do controle sob pena de os EUA enfrentarem no futuro dificuldades como as das economias européias. Portanto, a aprovação da elevação do teto da dívida veio condicionada à apresentação de um projeto ou alteração orçamentária que gere os recursos necessários para o pagamento futuro dessa dívida.
Quanto aos cortes, democratas e republicanos concordam em vários aspectos. Principalmente acerca dos cortes de despesas militares no Afeganistão e no Iraque. Olhando por este ângulo, os cortes são mais do que bem vindos. Mas, cortes de gastos costumam causar um impacto recessivo e a diminuição no nível de atividade reduz o resultado da arrecadação tributária mantendo o problema de equilibrar o orçamento. Uma redução no ritmo de crescimento da economia americana pode, portanto, ser esperado. E, com isso, também podemos esperar um freio na expansão da renda mundial e dos preços.
O impasse no Congresso Americano está relacionado a dois pontos básicos: o desejo democrata de combinar cortes de gastos com aumentos na arrecadação tributária (tributando em especial as corporações e os mais ricos) e se o aumento do teto será aprovado parcialmente ou na sua integralidade (considere-se aqui a solicitação de teto encaminhada pelo Tesouro Americano).
Em resumo, como o Congresso Americano não aprova a elevação da capacidade de endividamento do Governo, este não terá recursos para realizar o pagamento de seus compromissos, podendo inclusive atrasar o pagamento da dívida já contraída. Aqui a situação americana fica parecida com a das economias Européias.
Enquanto observamos essa situação, pouco destaque vem sendo dado à crise da divida Européia. Mas, nesta semana, as agências de classificação de risco reavaliam a situação da Espanha revelando que para os PIIGS os esforços de salvamento da Grécia resultaram apenas em um fôlego maior.
Um possível rebaixamento dos títulos da dívida americana deve levar a uma recomposição das carteiras administradas por grandes fundos internacionais. Buscando manter uma média de risco e retorno, a tendência é que esses fundos se desfaçam de papéis mais arriscados para manter a média desejada. Como conseqüência podemos assistir a uma diminuição na demanda por títulos com classificação inferior e até mesmo uma diminuição na demanda por títulos da Espanha precipitando uma situação que a Europa tenta evitar.
Outra situação decorrente do impasse atual é a desvalorização do dólar. Estamos observando a valorização de uma cesta de moedas em relação ao dólar levando alguns países a adotar medidas de proteção a exemplo das adotadas pelo Brasil esta semana. Um dos países que estuda a adoção de medidas que previnam a valorização de sua moeda é o Japão. A valorização do Yen diminui a competitividade e as exportações japonesas resultando em uma diminuição nas perspectivas de crescimento não desejada.
Vemos, portanto, que a dificuldade de construção de uma agenda positiva para a questão da dívida americana resultará em impactos monetários e reais indesejados e difíceis de serem previstos. Afinal, quando ouvimos alguém gritando “Corre! Fogo!” é normal sairmos correndo em lugar de procurar o extintor de incêndio!
Cabe diferenciar a situação americana da situação das economias européias. No caso de Grécia, Portugal, Irlanda, Italia e Espanha, déficits crescentes elevaram a dívida. A percepção de que essas economias não teriam recursos suficientes para realizar o pagamento dos compromissos de dívida já assumidos levou os detentores de títulos e financiadores desses países a exigir juros mais elevados e mesmo a evitar realizar empréstimos através da compra de títulos a esses países. Portanto, essas economias enfrentaram uma restrição de fonte de financiamento. Já no caso americano, também o déficit crescente elevou a dívida. No entanto, há demanda por títulos americanos. Portanto, é possível ao governo americano realizar a venda de títulos e obter recursos necessários ao financiamento do déficit. Mas, entende o Congresso Americano que esta é uma situação que não pode sair do controle sob pena de os EUA enfrentarem no futuro dificuldades como as das economias européias. Portanto, a aprovação da elevação do teto da dívida veio condicionada à apresentação de um projeto ou alteração orçamentária que gere os recursos necessários para o pagamento futuro dessa dívida.
Quanto aos cortes, democratas e republicanos concordam em vários aspectos. Principalmente acerca dos cortes de despesas militares no Afeganistão e no Iraque. Olhando por este ângulo, os cortes são mais do que bem vindos. Mas, cortes de gastos costumam causar um impacto recessivo e a diminuição no nível de atividade reduz o resultado da arrecadação tributária mantendo o problema de equilibrar o orçamento. Uma redução no ritmo de crescimento da economia americana pode, portanto, ser esperado. E, com isso, também podemos esperar um freio na expansão da renda mundial e dos preços.
O impasse no Congresso Americano está relacionado a dois pontos básicos: o desejo democrata de combinar cortes de gastos com aumentos na arrecadação tributária (tributando em especial as corporações e os mais ricos) e se o aumento do teto será aprovado parcialmente ou na sua integralidade (considere-se aqui a solicitação de teto encaminhada pelo Tesouro Americano).
Em resumo, como o Congresso Americano não aprova a elevação da capacidade de endividamento do Governo, este não terá recursos para realizar o pagamento de seus compromissos, podendo inclusive atrasar o pagamento da dívida já contraída. Aqui a situação americana fica parecida com a das economias Européias.
Enquanto observamos essa situação, pouco destaque vem sendo dado à crise da divida Européia. Mas, nesta semana, as agências de classificação de risco reavaliam a situação da Espanha revelando que para os PIIGS os esforços de salvamento da Grécia resultaram apenas em um fôlego maior.
Um possível rebaixamento dos títulos da dívida americana deve levar a uma recomposição das carteiras administradas por grandes fundos internacionais. Buscando manter uma média de risco e retorno, a tendência é que esses fundos se desfaçam de papéis mais arriscados para manter a média desejada. Como conseqüência podemos assistir a uma diminuição na demanda por títulos com classificação inferior e até mesmo uma diminuição na demanda por títulos da Espanha precipitando uma situação que a Europa tenta evitar.
Outra situação decorrente do impasse atual é a desvalorização do dólar. Estamos observando a valorização de uma cesta de moedas em relação ao dólar levando alguns países a adotar medidas de proteção a exemplo das adotadas pelo Brasil esta semana. Um dos países que estuda a adoção de medidas que previnam a valorização de sua moeda é o Japão. A valorização do Yen diminui a competitividade e as exportações japonesas resultando em uma diminuição nas perspectivas de crescimento não desejada.
Vemos, portanto, que a dificuldade de construção de uma agenda positiva para a questão da dívida americana resultará em impactos monetários e reais indesejados e difíceis de serem previstos. Afinal, quando ouvimos alguém gritando “Corre! Fogo!” é normal sairmos correndo em lugar de procurar o extintor de incêndio!
quarta-feira, 27 de julho de 2011
A caminho do controle do fluxo de capitais
Há mais ou menos dez anos o economista Paulo Nogueira Batista alertava para os riscos de um livre fluxo de capitais acirrando um difícil debate entre economistas mais e menos liberais.
Durante esse período vivemos com uma relativa liberdade para a entrada e saída de recursos e pudemos nos beneficiar de suas vantagens como também sofremos com suas desvantagens.
Se por um lado a entrada de capitais colaborou para uma valorização do Real permitindo viagens internacionais mais baratas, importações a preços interessantes e controle da inflação, por outro lado desestimulou a atividade industrial ao reduzir sua competitividade e ampliou a fragilidade cambial financiando déficits em conta corrente.
A tendência à valorização do real está relacionada à tendência de desvalorização do dólar apenas parcialmente.
O controle inflacionário, a classificação de Risco, a taxa de juros e outros indicadores econômicos atraem capitais internacionais conferindo a tendência supra mencionada. Por outro lado, a condução da política monetária americana reduzindo juros para estimular a recuperação da economia e a aparente diminuição na demanda por dólares (consequência da mudança na política de reservas de diversos Bancos Centrais) e o descontrole sobre as contas públicas americanas* respondem pela tendência à desvalorização do dólar.
Diante dos eventos recentes e turbulentos no cenário internacional que amplia a sensação de incerteza e torna a economia brasileira ainda mais atrativa em termos relativos, o Governo Brasileiro decidiu adotar novas medidas de controle.
O jornal Estado de São Paulo publicou matéria hoje comunicando que "o governo autoriza o Conselho Monetário Nacional (CMN) a definir regras específicas para as negociações no mercado de derivativos e a tributar com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de até 25% sobre o valor dessas operações." Além disso, o governo passou a taxar com 1% de IOF o valor nocional (valor que corresponde à intenção - se é que podemos chamar assim - de negociação e não o valor efetivamente transacionado) dos contratos futuros.
Bem, escrevi antes sobre a importância das operações derivativas na manutenção da taxa de retorno mínima requerida por acionistas e investidores. Boa parte das grandes empresas brasileiras utilizam estratégias financeiras que compensam os baixos ganhos operacionais. Assim, a taxação sobre o mercado de derivativos atinge em cheio a rentabilidade dessas empresas. Em se tratando de câmbio, há sempre um trade-off....
*Como no Brasil, a autoridade monetária Norte Americana segue a proibição de compra direta de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. O Federal reserve pode adquirir títulos federais no mercado aberto e, desta forma, ampliar a base monetária.
Uma declaração do presidente do Fed afastou essa possibilidade como estratégia de amenizar o impacto de um default americano caso o Congresso não aprove a elevação do teto da dívida: “I want to eliminate any expectation that the Fed through any mechanism could offset the impact of a default on the government debt”.
Durante esse período vivemos com uma relativa liberdade para a entrada e saída de recursos e pudemos nos beneficiar de suas vantagens como também sofremos com suas desvantagens.
Se por um lado a entrada de capitais colaborou para uma valorização do Real permitindo viagens internacionais mais baratas, importações a preços interessantes e controle da inflação, por outro lado desestimulou a atividade industrial ao reduzir sua competitividade e ampliou a fragilidade cambial financiando déficits em conta corrente.
A tendência à valorização do real está relacionada à tendência de desvalorização do dólar apenas parcialmente.
O controle inflacionário, a classificação de Risco, a taxa de juros e outros indicadores econômicos atraem capitais internacionais conferindo a tendência supra mencionada. Por outro lado, a condução da política monetária americana reduzindo juros para estimular a recuperação da economia e a aparente diminuição na demanda por dólares (consequência da mudança na política de reservas de diversos Bancos Centrais) e o descontrole sobre as contas públicas americanas* respondem pela tendência à desvalorização do dólar.
Diante dos eventos recentes e turbulentos no cenário internacional que amplia a sensação de incerteza e torna a economia brasileira ainda mais atrativa em termos relativos, o Governo Brasileiro decidiu adotar novas medidas de controle.
O jornal Estado de São Paulo publicou matéria hoje comunicando que "o governo autoriza o Conselho Monetário Nacional (CMN) a definir regras específicas para as negociações no mercado de derivativos e a tributar com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de até 25% sobre o valor dessas operações." Além disso, o governo passou a taxar com 1% de IOF o valor nocional (valor que corresponde à intenção - se é que podemos chamar assim - de negociação e não o valor efetivamente transacionado) dos contratos futuros.
Bem, escrevi antes sobre a importância das operações derivativas na manutenção da taxa de retorno mínima requerida por acionistas e investidores. Boa parte das grandes empresas brasileiras utilizam estratégias financeiras que compensam os baixos ganhos operacionais. Assim, a taxação sobre o mercado de derivativos atinge em cheio a rentabilidade dessas empresas. Em se tratando de câmbio, há sempre um trade-off....
*Como no Brasil, a autoridade monetária Norte Americana segue a proibição de compra direta de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. O Federal reserve pode adquirir títulos federais no mercado aberto e, desta forma, ampliar a base monetária.
Uma declaração do presidente do Fed afastou essa possibilidade como estratégia de amenizar o impacto de um default americano caso o Congresso não aprove a elevação do teto da dívida: “I want to eliminate any expectation that the Fed through any mechanism could offset the impact of a default on the government debt”.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Desvalorização do Real
Matéria publicada hoje no jornal Valor Econômico afirma que Bancos estão mantendo posição comprada em dólares. Isso aponta para uma expectativa de desvalorização do real e valorização do dólar.
Por que trabalhar com esta expectativa se o dólar vem caindo constantemente a ponto de provocar divergências nas declarações da Presidente da República e seu Ministro da Economia acerca da necessidade de controlar a valorização do real?
Bem, o que parece estar na mira dos Bancos é a percepção de que já é tarde para ocorrer um acordo entre Democratas e Republicanos sobre o teto da dívida dos EUA. Assim, a proximidade de 02 de agosto e a dificuldade de construção de um acordo no Congresso Americano sinalizam para uma elevação dos juros nos Estados Unidos. Explicarei melhor. No Brasil, a elevação dos juros não ocorre com agilidade. É necessário realizar uma reunião do Conselho de Política Monetária (COPOM) para decidir nova meta de juros. Desta forma, a elevação dos juros americanos ocorrerá de forma unilateral (não será acompanhada por uma elevação da taxa brasileira com a mesma velocidade). Com juros mais elevados fora do Brasil, os agentes econômicos tendem a rever suas aplicações e, os mais aversos a risco, provavelmente buscarão ativos externos agora com melhor remuneração. Com isso, uma saída de capitais deverá ocorrer provocando uma desvalorização do real.
Bem, resta aguardar e ver o tamanho desta desvalorização! Para o bem de quem passou as férias gastando no cartão de crédito, vamos torcer para ser pequena...e, para o bem da indústria brasileira e de nossos empregos, vamos torcer para que dure bastante!
Por que trabalhar com esta expectativa se o dólar vem caindo constantemente a ponto de provocar divergências nas declarações da Presidente da República e seu Ministro da Economia acerca da necessidade de controlar a valorização do real?
Bem, o que parece estar na mira dos Bancos é a percepção de que já é tarde para ocorrer um acordo entre Democratas e Republicanos sobre o teto da dívida dos EUA. Assim, a proximidade de 02 de agosto e a dificuldade de construção de um acordo no Congresso Americano sinalizam para uma elevação dos juros nos Estados Unidos. Explicarei melhor. No Brasil, a elevação dos juros não ocorre com agilidade. É necessário realizar uma reunião do Conselho de Política Monetária (COPOM) para decidir nova meta de juros. Desta forma, a elevação dos juros americanos ocorrerá de forma unilateral (não será acompanhada por uma elevação da taxa brasileira com a mesma velocidade). Com juros mais elevados fora do Brasil, os agentes econômicos tendem a rever suas aplicações e, os mais aversos a risco, provavelmente buscarão ativos externos agora com melhor remuneração. Com isso, uma saída de capitais deverá ocorrer provocando uma desvalorização do real.
Bem, resta aguardar e ver o tamanho desta desvalorização! Para o bem de quem passou as férias gastando no cartão de crédito, vamos torcer para ser pequena...e, para o bem da indústria brasileira e de nossos empregos, vamos torcer para que dure bastante!
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Público x Privado
Ainda comparando as crises da Dívida na América Latina nos anos 80 e na Europa da atualidade, faltou destacar as diferenças entre o perfil dos credores. No passado, grande parte da dívida Latino Americana se concentrava nas mãos de poucos credores internacionais. Estes se constituíam de Governos, Instituições como o FMI, etc. Não estava em jogo também a continuidade de um projeto de União Monetária.
A Crise da atualidade envolve mais players: Bancos, Fundos, Países... Notícia de hoje publicada no Jornal Estado de São Paulo elenca trinta credores que vão participar da negociação relacionada à dívida Grega: "Ao todo, 30 instituições de todo o mundo, 23 da UE, três da Suíça, uma do Canadá, uma do Kuwait, uma da Coréia do Sul e uma do Peru - o Banco de Crédito do Peru -, participarão dos cortes da dívida.".
Há muito que comentar sobre esta negociação. Os aspectos políticos, a divisão do ônus entre o setor público e o privado, a heterogeneidade das nações que constituem atualmente a Zona do Euro, a estratégia utilizada para evitar riscos de contágio, " o que o Peru está fazendo financiando os Gregos?????",o futuro do Euro, o que ganhamos/perdemos com esta solução e outros que não me ocorrem agora.
Há tempo sabemos ser quase impossível para a Grécia os termos do acordo proposto no passado. A Europa arriscou por teimosia e dificuldade de articulação política, destaque dado à obtusidade Alemã, quando arrastou a situação sem propor uma solução mais efetiva. Irlanda, Portugal e Itália pagaram um alto preço assistindo ataques às suas dívidas e a elevação dos juros. O susto se concretizou quando envolveu a Itália. Rápidos, os Italianos aprovaram um pacote duro e necessário e, a despeito da oposição local desejar desgastar seu chefe de Estado, mostraram coerência e unicidade política em torno de um objetivo comum. Mas, a eminência de um alastramento que alcançasse a Espanha uniu interesses diversos e convenceu a Alemanha que os custos do impasse eram superiores.
Apesar do papel desagradável que restou à Alemanha, sua insistência em envolver os credores privados é absolutamente correta. Primeiro por que estes credores arriscaram conscientemente ao emprestar recursos à Grécia cobrando juros altos por isso. Segundo, por que foram estes mesmos credores que impuseram uma elevação de juros e a dificuldade de rolagem da dívida. Assim, promovendo uma perda para os envolvidos a Europa educa, de um modo um tanto behaviorista, o comportamento inadequado dos agentes financeiros envolvidos neste processo. Fica claro que impor dificuldades para a rolagem da dívida e alastrar o risco por toda a Europa trará como retorno perdas em lugar de ganhos.
O fortalecimento das economias Européias representa um ganho para o nosso país uma vez que temos na Europa um dos maiores destinos das exportações brasileiras. Mas, o impacto sobre o Euro é ambíguo. Por um lado, resguarda-se a continuidade da demanda por Euros uma vez mostrado que as Instituições Públicas e Privadas da União Européia realizarão quaisquer esforços necessários para a manutenção da união monetária. Por outro, o envolvimento do Banco Central Europeu na proposta atual aponta para uma possível desvalorização do Euro. Cabe esperar e ver!
Sobre o Peru....bem, escreverei sobre isso depois!
A Crise da atualidade envolve mais players: Bancos, Fundos, Países... Notícia de hoje publicada no Jornal Estado de São Paulo elenca trinta credores que vão participar da negociação relacionada à dívida Grega: "Ao todo, 30 instituições de todo o mundo, 23 da UE, três da Suíça, uma do Canadá, uma do Kuwait, uma da Coréia do Sul e uma do Peru - o Banco de Crédito do Peru -, participarão dos cortes da dívida.".
Há muito que comentar sobre esta negociação. Os aspectos políticos, a divisão do ônus entre o setor público e o privado, a heterogeneidade das nações que constituem atualmente a Zona do Euro, a estratégia utilizada para evitar riscos de contágio, " o que o Peru está fazendo financiando os Gregos?????",o futuro do Euro, o que ganhamos/perdemos com esta solução e outros que não me ocorrem agora.
Há tempo sabemos ser quase impossível para a Grécia os termos do acordo proposto no passado. A Europa arriscou por teimosia e dificuldade de articulação política, destaque dado à obtusidade Alemã, quando arrastou a situação sem propor uma solução mais efetiva. Irlanda, Portugal e Itália pagaram um alto preço assistindo ataques às suas dívidas e a elevação dos juros. O susto se concretizou quando envolveu a Itália. Rápidos, os Italianos aprovaram um pacote duro e necessário e, a despeito da oposição local desejar desgastar seu chefe de Estado, mostraram coerência e unicidade política em torno de um objetivo comum. Mas, a eminência de um alastramento que alcançasse a Espanha uniu interesses diversos e convenceu a Alemanha que os custos do impasse eram superiores.
Apesar do papel desagradável que restou à Alemanha, sua insistência em envolver os credores privados é absolutamente correta. Primeiro por que estes credores arriscaram conscientemente ao emprestar recursos à Grécia cobrando juros altos por isso. Segundo, por que foram estes mesmos credores que impuseram uma elevação de juros e a dificuldade de rolagem da dívida. Assim, promovendo uma perda para os envolvidos a Europa educa, de um modo um tanto behaviorista, o comportamento inadequado dos agentes financeiros envolvidos neste processo. Fica claro que impor dificuldades para a rolagem da dívida e alastrar o risco por toda a Europa trará como retorno perdas em lugar de ganhos.
O fortalecimento das economias Européias representa um ganho para o nosso país uma vez que temos na Europa um dos maiores destinos das exportações brasileiras. Mas, o impacto sobre o Euro é ambíguo. Por um lado, resguarda-se a continuidade da demanda por Euros uma vez mostrado que as Instituições Públicas e Privadas da União Européia realizarão quaisquer esforços necessários para a manutenção da união monetária. Por outro, o envolvimento do Banco Central Europeu na proposta atual aponta para uma possível desvalorização do Euro. Cabe esperar e ver!
Sobre o Peru....bem, escreverei sobre isso depois!
domingo, 17 de julho de 2011
Rumo incerto
No passado, os países em crise em função de seu elevado endividamento público eram economias pequenas, incapazes de afetar a renda mundial e o nível de preços. Amargamos anos de políticas econômicas equivocadas. Gerações interrompidas. Décadas perdidas em busca de solução. Ao final, um pronunciamento do então secretário do Tesouro norte americano, Nicholas Brady, pareceu ser um luz ao fim do longo túnel. Percebia-se que as políticas recessivas inviabilizavam a capacidade de pagamento da dívida. E, em um discurso relativamente simples, anunciava-se que se os credores quizessem receber de volta os recursos emprestados deveriam socorrer e ajudar os devedores. Em bom português, arrume emprego para a pessoa a quem você emprestou o dinheiro! O acordo que permitiu o deságio na dívida externa veio acompanhado de abertura dos mercados, reformas e novas possibilidades de realização de ganhos. Pergunto-me: será que os credores ficaram satisfeitos com o acordo?
Bem, décadas depois, vivemos situação mundial parecida. A semelhança está no endividamento e nas medidas recessivas. Mas, para por ai. São economias grandes, capazes de afetar o crescimento mundial e preços internacionais: Estados Unidos, Espanha, Itália e os pequenos Grécia, Irlanda e Portugal.
Há semanas estamos assistindo a agonia da Grécia, as dificuldades de Portugal, a urgência na Itália e o desgaste político do presidente Obama. No conjunto as propostas são equivalentes. Cortes de gastos que incluem novos pactos previdenciários, cogelamento de salarios de servidores públicos, menor despesa com saúde, etc. Questiona-se a sustentabilidade de um Estado forte com contratos sociais em que prevalecem gastos sociais e políticas de bem estar social.
Parece-me claro que um orçamento equilibrado é o recomendável em todos os tempos e que o desequilíbrio orçamentário é resultado de um Estado fraco, incapaz de arrecadar o suficiente e pressionado por realizações de pesados gastos. Mas, os desequilíbrios atuais resultam não apenas da fraqueza do Estado. Resultam basicamente de mais dois outros motivos: 1. Com a crise e seu impacto recessivo as receitas tributárias cairam resultando em dificuldade de pagamento da dívida e 2. Estruturas de oferta pouco produtivas seja por deficiência no sistema de ensino, seja por acordos rígidos no mercado de trabalho. Desta forma, a incapacidade de aumentar a produção exige no curto prazo políticas que estimulem a demanda agregada como forma de elevar o PIB e a arrecadação.
Outra diferença entre a crise de endividamento atual e a passada é a forma de financiamento utilizada pelos países endividados. No passado as economias latino americanas e africanas recorreram a empréstimos contratuais junto a credores internacionais e, domesticamente, recorreram a emissões monetárias desencadeando processos inflacionários. O equacionamento da dívida requeria fortes ajustes no balanço de pagamentos para gerar superávits capazes de pagar ao menos o serviço das dívidas e audaciosos ajustes fiscais para conter a emissão monetária e os processos innflacionários que impediam (entre outras coisas) a geração de superávits externos. Na atualidade, os países endividados utilizaram-se de emissões de títulos fazendo crescer a dívida mobiliária e não a contratual. Por sua natureza, a dívida em títulos pode ser repassada com maior facilidade a agentes econômicos com menor aversão a risco. Não há como conhecer a extensão e o perfil de quem hoje detém esses títulos. Portanto, um default ou a mera possibilidade de um default tem potencial de impactar um número infinitamente maior de agentes econômicos e países. Eis por que nesta semana que passou estávamos apreensivos esperando o resultado dos testes de stress a que vários bancos europeus foram submetidos. Os testes acalmaram um pouco as expectativas mais alarmistas. Contudo, não afastam a possibilidade de um contágio e uma crise maior.
Estamos diante de uma situação muito mais complexa portanto. Seja em função do tamanho das economias endividadas, seja em função da razão do endividamento, seja em função da integração do mercado financeiro e possibilidade de contágio. Isso significa que, apesar da crise não se localizar geograficamente em países como o Brasil, podemos sofrer com as consequencias dela!
Diante da gravidade da atual situação, a adoção de políticas recessivas aponta para um cenário não desejável. A geração de superávits primários garantem a possibilidade de pagamento da dívida mas, não resolve os problemas estruturais que a causaram. Além disso, essas medidas resultam em queda no desempenho econômico e, portanto, na arrecadação tributária fazendo com que sejam necessárias novas medidas de ajuste.
Parece-me portanto que a capacidade de articulação política e o enfrentamento dos problemas estruturais é que devem ser observados no presente momento!
Bem, décadas depois, vivemos situação mundial parecida. A semelhança está no endividamento e nas medidas recessivas. Mas, para por ai. São economias grandes, capazes de afetar o crescimento mundial e preços internacionais: Estados Unidos, Espanha, Itália e os pequenos Grécia, Irlanda e Portugal.
Há semanas estamos assistindo a agonia da Grécia, as dificuldades de Portugal, a urgência na Itália e o desgaste político do presidente Obama. No conjunto as propostas são equivalentes. Cortes de gastos que incluem novos pactos previdenciários, cogelamento de salarios de servidores públicos, menor despesa com saúde, etc. Questiona-se a sustentabilidade de um Estado forte com contratos sociais em que prevalecem gastos sociais e políticas de bem estar social.
Parece-me claro que um orçamento equilibrado é o recomendável em todos os tempos e que o desequilíbrio orçamentário é resultado de um Estado fraco, incapaz de arrecadar o suficiente e pressionado por realizações de pesados gastos. Mas, os desequilíbrios atuais resultam não apenas da fraqueza do Estado. Resultam basicamente de mais dois outros motivos: 1. Com a crise e seu impacto recessivo as receitas tributárias cairam resultando em dificuldade de pagamento da dívida e 2. Estruturas de oferta pouco produtivas seja por deficiência no sistema de ensino, seja por acordos rígidos no mercado de trabalho. Desta forma, a incapacidade de aumentar a produção exige no curto prazo políticas que estimulem a demanda agregada como forma de elevar o PIB e a arrecadação.
Outra diferença entre a crise de endividamento atual e a passada é a forma de financiamento utilizada pelos países endividados. No passado as economias latino americanas e africanas recorreram a empréstimos contratuais junto a credores internacionais e, domesticamente, recorreram a emissões monetárias desencadeando processos inflacionários. O equacionamento da dívida requeria fortes ajustes no balanço de pagamentos para gerar superávits capazes de pagar ao menos o serviço das dívidas e audaciosos ajustes fiscais para conter a emissão monetária e os processos innflacionários que impediam (entre outras coisas) a geração de superávits externos. Na atualidade, os países endividados utilizaram-se de emissões de títulos fazendo crescer a dívida mobiliária e não a contratual. Por sua natureza, a dívida em títulos pode ser repassada com maior facilidade a agentes econômicos com menor aversão a risco. Não há como conhecer a extensão e o perfil de quem hoje detém esses títulos. Portanto, um default ou a mera possibilidade de um default tem potencial de impactar um número infinitamente maior de agentes econômicos e países. Eis por que nesta semana que passou estávamos apreensivos esperando o resultado dos testes de stress a que vários bancos europeus foram submetidos. Os testes acalmaram um pouco as expectativas mais alarmistas. Contudo, não afastam a possibilidade de um contágio e uma crise maior.
Estamos diante de uma situação muito mais complexa portanto. Seja em função do tamanho das economias endividadas, seja em função da razão do endividamento, seja em função da integração do mercado financeiro e possibilidade de contágio. Isso significa que, apesar da crise não se localizar geograficamente em países como o Brasil, podemos sofrer com as consequencias dela!
Diante da gravidade da atual situação, a adoção de políticas recessivas aponta para um cenário não desejável. A geração de superávits primários garantem a possibilidade de pagamento da dívida mas, não resolve os problemas estruturais que a causaram. Além disso, essas medidas resultam em queda no desempenho econômico e, portanto, na arrecadação tributária fazendo com que sejam necessárias novas medidas de ajuste.
Parece-me portanto que a capacidade de articulação política e o enfrentamento dos problemas estruturais é que devem ser observados no presente momento!
terça-feira, 5 de julho de 2011
Em tempo!
Do site do Fed (http://www.federalreserve.gov), vem a notícia:
"Release Date: June 29, 2011
For release at 9:00 a.m. EDT
The Bank of Canada, the Bank of England, the European Central Bank, the Federal Reserve, and the Swiss National Bank today announced an extension of the existing temporary U.S. dollar liquidity swap arrangements through August 1, 2012. The Bank of Japan will consider the extension at its next Monetary Policy Meeting. The swap arrangements, established in May 2010, had been authorized through August 1, 2011.
Information on the actions taken by other central banks is available at the following websites:
Bank of Canada,Bank of England,European Central Bank ,Swiss National Bank "
A swap a que se refere o texto é uma troca de moedas utilizada por um Banco Central para prover liquidez em sua moeda a outro Banco Central. Essas operações, portanto, oferecem liquidez em dólar em mercados estrangeiros como o Canadense, o Europeu, o Inglês e o Suiço. O Brasil conseguiu realizar um acordo de swap recentemente!
"Release Date: June 29, 2011
For release at 9:00 a.m. EDT
The Bank of Canada, the Bank of England, the European Central Bank, the Federal Reserve, and the Swiss National Bank today announced an extension of the existing temporary U.S. dollar liquidity swap arrangements through August 1, 2012. The Bank of Japan will consider the extension at its next Monetary Policy Meeting. The swap arrangements, established in May 2010, had been authorized through August 1, 2011.
Information on the actions taken by other central banks is available at the following websites:
Bank of Canada,Bank of England,European Central Bank ,Swiss National Bank "
A swap a que se refere o texto é uma troca de moedas utilizada por um Banco Central para prover liquidez em sua moeda a outro Banco Central. Essas operações, portanto, oferecem liquidez em dólar em mercados estrangeiros como o Canadense, o Europeu, o Inglês e o Suiço. O Brasil conseguiu realizar um acordo de swap recentemente!
O Valor do dólar!
Gosto de periodicamente consultar no site www.bea.gov informações sobre a execução orçamentária norte americana! A última linha mostra o resultado do governo. Os dados de 1999 mostram um pequeno superávit orçamentário que rapidamente se transforma em um déficit (já em 2001). Um déficit crescente, à excessão de um esforço de contenção realizado em 2006.
Hoje o déficit trimestral gira em torno de 1bilhão e 500milhões de dólares!Ou, 500 bilhões mensais! Ora, como é financiado o excesso de gastos do Governo Norte Americano? Normalmente através da emissão de títulos da dívida que são vendidos a cidadãos norte americanos, governos de outros países e para o próprio Federal Reserve. Desta forma, o déficit americano se transforma parcialmente em dívida e parcialmente em expansão monetária.
Os títulos constituem "promessas de pagamento no futuro" e, portanto, documentam uma relação de endividamento. Mas, quando vendidos ao Federal Reserve, este pode "emitir" moeda e efetuar a compra dos títulos.
O Congresso Americano decide qual o limite do endividamento. Uma vez aprovado, o Secretário do Tesouro conhece as limitações tributárias para a cobertura das despesas públicas e sua capacidade de praticar déficits e realizar dívidas.
As teses de dominância fiscal relacionam a Política Monetaria às escolhas do Governo. No caso Norte Americano, a oferta crescente de títulos deveria ser acompanhada de uma redução no preço dos mesmos e em uma elevação de juros. Como isso nao vem ocorrendo, há duas possíveis explicações facilmente verificáveis. Uma delas é supor um aumento na demanda por títulos americanos e, diante do cenário internacional e da escassez de alternativas, é fácil entender por que há demanda pelos mesmos. Outra é imaginar que o financiamento vem ocorrendo com expansão na oferta monetária. Neste caso uma desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas é esperada.
Neste mês de julho de 2011, o Congresso Americano discute a possibilidade de aumento do teto estabelecido como limite ao endividamento. Há muito o que compreender a partir dessa informação. Primeiro que há uma guerra de braço entre republicanos e democratas acerca da contenção dos gastos públicos (lembrando o quanto os Americanos apreciam lembrar aos demais países a necessidade de manter orçamentos equilibrados!). Segundo que essa guerra afeta as expectativas dos agentes econômicos apontando para um limite à política atual. Como consequencia podemos esperar medidas contracionistas ou uma estagnação da economia dos EUA. Terceiro, que se torna cada vez mais importante discutir alternativas ao Sistema Monetário Internacional atual. Quarto que há espaço para a internacionalização de algumas moedas como o Euro (não fosse a Grécia...), o Iene (não fosse o Tsunami....), a China (não fosse... o que mesmo?)... Quinto, que para manter o valor do dólar, a taxa de juros americana vai se elevar. Sexto, que é possível ao governo americano optar por desvalorizar ainda mais sua moeda se no cenário internacional as alternativas monetárias listadas acima se mantiverem questionáveis. Sétimo e por último, há alguns anos reparei que havia títulos americanos que prometiam o pagamento de juros reais mais a variação de preços, o cenário atual amplia a desconfiança em relação ao Fed e (nós Brasileiros já aprendemos BEM isso...) em cenários de pouca confiança em relação à autoridade monetária os preços costumam subir!
Costumamos explicar a elevação dos preços e, em especial das commodities, em função de acidentes climáticos, sazonalidades, etc. Mas, em que medida a busca por commodities no presente e no futuro não pode ser explicada como uma estratégia defensiva diante de expectativas deterioradas acerca do valor do dólar???????
Hoje o déficit trimestral gira em torno de 1bilhão e 500milhões de dólares!Ou, 500 bilhões mensais! Ora, como é financiado o excesso de gastos do Governo Norte Americano? Normalmente através da emissão de títulos da dívida que são vendidos a cidadãos norte americanos, governos de outros países e para o próprio Federal Reserve. Desta forma, o déficit americano se transforma parcialmente em dívida e parcialmente em expansão monetária.
Os títulos constituem "promessas de pagamento no futuro" e, portanto, documentam uma relação de endividamento. Mas, quando vendidos ao Federal Reserve, este pode "emitir" moeda e efetuar a compra dos títulos.
O Congresso Americano decide qual o limite do endividamento. Uma vez aprovado, o Secretário do Tesouro conhece as limitações tributárias para a cobertura das despesas públicas e sua capacidade de praticar déficits e realizar dívidas.
As teses de dominância fiscal relacionam a Política Monetaria às escolhas do Governo. No caso Norte Americano, a oferta crescente de títulos deveria ser acompanhada de uma redução no preço dos mesmos e em uma elevação de juros. Como isso nao vem ocorrendo, há duas possíveis explicações facilmente verificáveis. Uma delas é supor um aumento na demanda por títulos americanos e, diante do cenário internacional e da escassez de alternativas, é fácil entender por que há demanda pelos mesmos. Outra é imaginar que o financiamento vem ocorrendo com expansão na oferta monetária. Neste caso uma desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas é esperada.
Neste mês de julho de 2011, o Congresso Americano discute a possibilidade de aumento do teto estabelecido como limite ao endividamento. Há muito o que compreender a partir dessa informação. Primeiro que há uma guerra de braço entre republicanos e democratas acerca da contenção dos gastos públicos (lembrando o quanto os Americanos apreciam lembrar aos demais países a necessidade de manter orçamentos equilibrados!). Segundo que essa guerra afeta as expectativas dos agentes econômicos apontando para um limite à política atual. Como consequencia podemos esperar medidas contracionistas ou uma estagnação da economia dos EUA. Terceiro, que se torna cada vez mais importante discutir alternativas ao Sistema Monetário Internacional atual. Quarto que há espaço para a internacionalização de algumas moedas como o Euro (não fosse a Grécia...), o Iene (não fosse o Tsunami....), a China (não fosse... o que mesmo?)... Quinto, que para manter o valor do dólar, a taxa de juros americana vai se elevar. Sexto, que é possível ao governo americano optar por desvalorizar ainda mais sua moeda se no cenário internacional as alternativas monetárias listadas acima se mantiverem questionáveis. Sétimo e por último, há alguns anos reparei que havia títulos americanos que prometiam o pagamento de juros reais mais a variação de preços, o cenário atual amplia a desconfiança em relação ao Fed e (nós Brasileiros já aprendemos BEM isso...) em cenários de pouca confiança em relação à autoridade monetária os preços costumam subir!
Costumamos explicar a elevação dos preços e, em especial das commodities, em função de acidentes climáticos, sazonalidades, etc. Mas, em que medida a busca por commodities no presente e no futuro não pode ser explicada como uma estratégia defensiva diante de expectativas deterioradas acerca do valor do dólar???????
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