terça-feira, 5 de julho de 2011

O Valor do dólar!

Gosto de periodicamente consultar no site www.bea.gov informações sobre a execução orçamentária norte americana! A última linha mostra o resultado do governo. Os dados de 1999 mostram um pequeno superávit orçamentário que rapidamente se transforma em um déficit (já em 2001). Um déficit crescente, à excessão de um esforço de contenção realizado em 2006.
Hoje o déficit trimestral gira em torno de 1bilhão e 500milhões de dólares!Ou, 500 bilhões mensais! Ora, como é financiado o excesso de gastos do Governo Norte Americano? Normalmente através da emissão de títulos da dívida que são vendidos a cidadãos norte americanos, governos de outros países e para o próprio Federal Reserve. Desta forma, o déficit americano se transforma parcialmente em dívida e parcialmente em expansão monetária.
Os títulos constituem "promessas de pagamento no futuro" e, portanto, documentam uma relação de endividamento. Mas, quando vendidos ao Federal Reserve, este pode "emitir" moeda e efetuar a compra dos títulos.
O Congresso Americano decide qual o limite do endividamento. Uma vez aprovado, o Secretário do Tesouro conhece as limitações tributárias para a cobertura das despesas públicas e sua capacidade de praticar déficits e realizar dívidas.
As teses de dominância fiscal relacionam a Política Monetaria às escolhas do Governo. No caso Norte Americano, a oferta crescente de títulos deveria ser acompanhada de uma redução no preço dos mesmos e em uma elevação de juros. Como isso nao vem ocorrendo, há duas possíveis explicações facilmente verificáveis. Uma delas é supor um aumento na demanda por títulos americanos e, diante do cenário internacional e da escassez de alternativas, é fácil entender por que há demanda pelos mesmos. Outra é imaginar que o financiamento vem ocorrendo com expansão na oferta monetária. Neste caso uma desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas é esperada.
Neste mês de julho de 2011, o Congresso Americano discute a possibilidade de aumento do teto estabelecido como limite ao endividamento. Há muito o que compreender a partir dessa informação. Primeiro que há uma guerra de braço entre republicanos e democratas acerca da contenção dos gastos públicos (lembrando o quanto os Americanos apreciam lembrar aos demais países a necessidade de manter orçamentos equilibrados!). Segundo que essa guerra afeta as expectativas dos agentes econômicos apontando para um limite à política atual. Como consequencia podemos esperar medidas contracionistas ou uma estagnação da economia dos EUA. Terceiro, que se torna cada vez mais importante discutir alternativas ao Sistema Monetário Internacional atual. Quarto que há espaço para a internacionalização de algumas moedas como o Euro (não fosse a Grécia...), o Iene (não fosse o Tsunami....), a China (não fosse... o que mesmo?)... Quinto, que para manter o valor do dólar, a taxa de juros americana vai se elevar. Sexto, que é possível ao governo americano optar por desvalorizar ainda mais sua moeda se no cenário internacional as alternativas monetárias listadas acima se mantiverem questionáveis. Sétimo e por último, há alguns anos reparei que havia títulos americanos que prometiam o pagamento de juros reais mais a variação de preços, o cenário atual amplia a desconfiança em relação ao Fed e (nós Brasileiros já aprendemos BEM isso...) em cenários de pouca confiança em relação à autoridade monetária os preços costumam subir!
Costumamos explicar a elevação dos preços e, em especial das commodities, em função de acidentes climáticos, sazonalidades, etc. Mas, em que medida a busca por commodities no presente e no futuro não pode ser explicada como uma estratégia defensiva diante de expectativas deterioradas acerca do valor do dólar???????

Nenhum comentário: