segunda-feira, 14 de março de 2011

A importância de controlar gastos públicos

Há uma estreita relação entre a política fiscal e a política monetária. A forma mais simples de compreender esta relação pode ser compreendida com uma pergunta: como um Estado Nacional pode gastar mais do que a sua receita ou arrecadação tributária? A resposta é: ele pode contrair dívidas ou imprimir dinheiro. No Brasil, vedamos o financiamento do Governo direta ou indiretamente pelo Banco Central. Portanto, déficits orçamentários são cobertos através da contração de novas dívidas. Esta medida evita o descontrole monetário, auxilia no controle da inflação e no controle cambial.
Na Europa, por força da União Européia e do uso de uma moeda única, os Estados Nacionais vivem situações semelhantes. Não é possível financiar déficits com emissões monetárias. Portanto, a existência de déficits leva a uma elevação do endividamento.
Países como Grécia, Espanha, Portugal, Italia e Irlanda (PIIGS) possuem dívidas elevadas. Nesta semana, a classificação de risco da Espanha foi rebaixado pela Standard & Poors.
As dívidas de hoje destes países correspondem a déficits orçamentários no passado. Estes, por sua vez, estão relacionados à fraca arrecadação tributária e a pesados gastos do governo. Um aumento na arrecadação hoje permitiria o pagamento das dívidas. No entanto, o aumento na arrecadação depende de um crescimento no nível de atividade. Uma desvalorização monetária seria bem vinda neste contexto pois permitiria um aumento das exportações ao torná-las relativamente mais baratas. Mas, a política monetária européia é realizada pelo Banco Central Europeu onde os países que pertencem à União Européia tem participação na tomada de decisões.
Recentemente, em função da melhora nas exportações da Alemanha e França e, em função da elevação da inflação, o presidente do Banco Central Europeu anunciou ser possível uma elevação dos juros. Neste caso, a moeda européia se apreciaria deteriorando rapidamente a capacidade de exportação dos PIIGS e aumentando a percepção de risco dos mercados associadas aos títulos emitidos por estes.
Há portanto, sérias dúvidas com relação ao valor do Euro e mesmo com relação à continuidade do formato atual. O que prevalecerá será a situação de crise de parte dos países da Comunidade Européia ou a necessidade de controlar o nível de preços?

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